Fed mais hawkish. Cenário inalterado.
Nos EUA, o Fed elevou a taxa de juros em 25bps como era amplamente esperado.
O comunicado divulgado após a decisão mostrou um Comitê mais confiante no
cenário de recuperação da economia. Algumas modificações foram feitas no
comunicado para se enquadrar em um novo ambiente de taxas de juros correntes
mais elevadas. As projeções do FOMC mostraram revisões altistas para a inflação
e crescimento, e baixistas para a taxa de desemprego. Os “dots” se moveram para
cima em 2018, sinalizando para mais 2 altas de 25bps este ano. O Fed anunciou
que irá promover coletivas de imprensa após todas as reuniões, mas que isso não
significa nenhuma mensagem ou sinalização.
Na minha visão, as modificações foram
mais hawkish do que o esperado. A
mesma mensagem foi passada por Jay Powell na coletiva de imprensa. A reunião de
hoje em nada altera o cenário com o qual temos trabalhado. A decisão do ECB
amanhã, contudo, pode nos reservas mais surpresas, dado a maior indefinição, ou
falta de um consenso maior, em torno do que será anunciado ou sinalizado.
No Brasil, as vendas no varejo de abril apresentaram alta superior as
expectativas, com revisões altistas no mês anterior. Acredito que este número
seja uma fotografia do passado e as perspectivas de crescimento pioraram
bastante nas últimas semanas. Não há nada neste número que me faça ficar mais
otimista com o estado futuro da economia.
O BCB continuou com uma agressiva
intervenção cambial, conseguindo manter a performance do BRL (mais ou menos) em linha com os seus pares. Eu continuo me
perguntando, incessantemente, qual seria o novo patamar do dólar caso o BCB não
estivesse promovendo essas intervenções? Além disso, o que ocorrerá quando essa
ração de venda de dólares diária terminar?
Reforço que entendo o papel do BCB em
prover liquidez e racionalidade ao mercado. Não existem evidências concretas de
que qual a melhor maneira de se atuar no mercado de câmbio (por não ser uma
ciência exata e não termos a contraprova do cenário alternativo), mas diante de
uma mudança global de cenário e dos desafios locais, não seria mais prudente
deixar o câmbio buscar seu novo patamar de ajuste? Continuo acreditando que o
BCB será incapaz de alterar a direção da moeda caso os cenários locais e
externo permanecem com o mesmo quadro atual. A atuação agressiva no curto-prazo
pode vir a piorar a situação local no médio-prazo, caso o cenário continue
desafiador. Isso não significa que o BCB tenha que se ausentar do mercado ou
que esteja errado em atuações agressivas. Todavia, infelizmente, só saberemos a
resposta dessas perguntas ex-post. O
cenário me parece ainda extremamente desafiador.
A curva local de juros apresentou
mais um dia de forte abertura de taxa, com apenas pequeno steepening na parte
curta. Os prêmios podem parecer excessivos, mas continuo sem ver um trigger
claro para a inversão destes movimentos.
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