Sinais de estabilização dos ativos. Cenário segue com vetores negativos.
Após uma quarta-feira de “risk-off”
generalizado, os ativos de risco estão mostrando alguma estabilização neste
momento, a despeito de mais um dia de péssima performance dos ativos na China, com depreciação cambial e queda
dos índices de bolsa. Todos os vetores que apontei ontem (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/risk-off_27.html)
continuam presentes e ainda não foram endereçados. Assim, continuo vendo um
cenário mais negativo no curto-prazo.
Para colocar mais uma pitada de
complexidade ao cenário, além desses vetores citados nos últimos dias (redução da
liquidez global, problemas na China, “Guerra Comercial”) temos convivido com
uma forte alta no preço do petróleo,
o que costuma se caracterizar por mais inflação e menos crescimento, em um
momento já de economia, especialmente nos EUA, no pleno emprego e com o hiato
do produto fechado.
No tocante a China, a Bloomberg está reportando que o Governo pretende proibir a
venda de “bonds” (títulos de dívida) de curto-prazo por parte das empresas. Pela
primeira vez em cerca de um ano e meio o país vive um momento de apreensão e
dificuldade. Ainda me parece cedo para ter uma opinião mais firme em relação a
real situação da economia, mas me parece claro que o cenário é bastante
complicado e demanda cautela no curto-prazo.
No Brasil, o BCB não atuou no câmbio mesmo com uma depreciação cambial
relevante, porém não muito diferente dos seus pares. Espero a continuidade das
intervenções, mas em montante inferior ao que vinha sendo feito ao longo do
ultimo mês. A maneira de intervir deverá ser mais errática, com intuito apenas
de prover liquidez e evitar a irracionalidade do mercado. O BRL ainda parece
precisar de algum ajuste (de depreciação) dado as pesadas intervenções
recentes.
Caso a depreciação continue de forte
acentuada, afetando as expectativas de inflação de 2019 e à frente, o BCB já
sinalizou que poderá elevar a Taxa Selic como meio de conter a desancoragem das
expectativas.
Os dados econômicos recentes trazem
poucas novidades para o cenário de Brasil. A inflação de curto-prazo continua
elevada, mas parece estar fazendo seu pico. Poderemos ter números mais baixos
de inflação do meio de julho ate final de agosto. A atividade econômica
mostra-se bastante deprimida. Será importante ver em que medida a atividade irá
se recuperar após a greve dos caminhoneiros, e diante de um quadro externo
desafiador e um ambiente político indefinido. Os primeiros indicadores de
sondagem mostram uma recuperação aquém do previsto após a greve, o que merece
atenção.
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