Big Week Ahead!
Estive hoje pela manhã participando
de um evento com investidores institucionais e assessores de investimentos na
região nordeste do país. Minha impressão mais importante é que estes
investidores estão, grosso modo, alocados no mercado de renda fixa (Fundos
Prefixados, NTN-F, NTN-B e afins) e em situação delicada. As dúvidas giram em
torno de: (1) manter a posição e esperar melhor ponto de saída ou (2) zerar a
posição o mais rápido possível.
De maneira geral, não vejo nenhum
apetite para o aumento de exposição, pelo menos sem uma mudança radical de
cenário local e externo. Este panorama está totalmente em linha com o que tenho
incessantemente debatido neste fórum nas últimas semanas. Para não soar
repetitivo, minhas observações podem ser revisitadas aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/.
Quanto ao cenário, vi poucas
novidades desde sexta-feira. No Brasil,
o destaque ficou por conta da pesquisa Datafolha. Eu não sou analista político
e acredito que não tenho nenhuma vantagem comparativa em emitir opiniões firmes
sobre o tema. Assim, na minha humilde opinião, a pesquisa apenas confirmou o
cenário que já vêm sendo regra nas últimas semanas, ou seja, permanece um
ambiente de incerteza política, sem definição e sem a ascensão de um “salvador
da pátria” (pelo menos aos olhos dos mercados. Comentei um pouco sobre este
ambiente aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/relatorio-semanal-de-asset-allocation.html).
O BCB continuou sua batalha contra a
depreciação cambial, com uma nova intervenção, expressiva, na moeda. A
diferença é que hoje não foi capaz de levar a uma apreciação mais acentuada do
BRL. Continuo entendendo que o papel do BCB seja dar liquidez ao mercado e
prezar pela estabilidade financeira. Contudo, não entendo a imprevisibilidade
da atuação e a maneira, por vezes erráticas, de promover estas intervenções. De
maneira geral, acredito que o BRL esteja artificialmente apreciado. Se o
cenário externo se mantiver constante e não houver uma mudança do cenário
político local, a depreciação da moeda será inevitável. Por ora, precisamos
esperar os efeitos dessa venda superior a US$20bi no horizonte de uma semana
que o BCB está promovendo, além da agenda extremamente carregada no cenário
externo, antes de tomarmos um direcionamento mais claro nesta classe de ativo.
Outro destaque ficou por conta da
abertura das inflações implícitas, com o mercado “se dando conta” de que
poderemos ter um IPCA próximo a 1% este mês. Continuamos vendo uma boa
assimetria nesta classe de ativos, posição que alocamos a cerca de 10 dias
atrás. Nos atuais níveis, começamos a administrar mais ativamente o tamanho e
os vértices da posição.
No cenário externo, destaque para a
manutenção de uma postura agressiva por parte de Trump no G7, além da perda de
esperanças em um acordo e torno do NAFTA. Continuo vendo este tema como um “sideshow”
e mais preocupado com o cenário de inflação e política monetária nos EUA e na
Europa. Não que eu acredite que este tema seja irrelevante, mas por acreditar
que estes outros temas são muito mais importantes para a dinâmica de curto e
médio prazo dos ativos de risco.
Somente esta semana, teremos o Core
CPI amanhã, a decisão do FOMC na quarta-feira e a decisão do ECB na quinta-feira.
Estaremos olhando atentamente estes eventos para a administração do portfólio.
Seguimos tomados em juros nos EUA, através de estruturas de opção. Começamos a
montar um hedge via puts de S&P. Temos uma pequena posição comprada em EUR
pela assimetria que as opções estão mostrando, com vols implícitas baixíssimas,
e com o EUR próximo aos pisos recentes.
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