A narrativa segue inalterada.


O Core CPI nos EUA ficou dentro das expectativas do mercado, com alta de 0,2% MoM e 2,2% YoY. O número de hoje em nada altera a narrativa para os mercados/ativos de risco e muito menos altera as expectativas para o FOMC amanhã.

Assim, vimos mais uma rodada de fortalecimento do dólar no mundo, acentuado por rumores de que o Fed pretende promover interações com os jornalistas após todas as reuniões do FOMC, ao contrário das apresentações trimestrais que ocorrem atualmente. O destaque continuou por conta da pressão negativa sobre os ativos emergentes.

Na Europa, mais precisamente na Alemanha, o ZEW – um dos indicadores de confiança mais importantes da região – apresentou queda superior as expectativas, mostrando um quadro de incerteza para o crescimento da Europa no curto-prazo. Isso pode estar ocorrendo devido a ruídos pontuais, tais como eventos políticos na Itália e Espanha, “Guerra Comercial” e etc. De qualquer maneira, a região continua crescendo acima do potencial, mas certamente um sinal amarelo, de alerta, está ligado em torno deste ambiente.

As atenções agora estarão voltadas para o FOMC amanhã e a reunião do ECB na quinta-feira. Em relação ao Fed, já é amplamente esperado uma alta de juros (entre 20 e 25bps). Será extremamente importante observar as alterações no comunicado, especialmente para prevermos os movimentos no “shape” da curva de juros local.

No Brasil, o BCB voltou a intervir de forma agressiva no mercado de câmbio, ajudando a moeda a apresentar desempenho relativo superior a seus pares. O mercado de juros apresentou “steepening” da curva, com a parte curta ancorada na expectativa da manutenção da Taxa Selic no Copom da semana que vem, mas a parte longa ainda afetada pelas incertezas locais e externas. Os eventuais impactos fiscais das intervenções cambiais também estão ajudando o movimento de “steepening” e níveis mais elevados do CDS no país (custo do seguro).

Continuo com viés mais cauteloso e negativo. Para mudar minha visão, precisará ocorrer alguma mudança substancial de cenário, local ou externo. Contudo, nos atuais níveis de preço, especialmente no Brasil, reduzimos substancialmente as posições. Estamos com postura mais tática e flexível. Reduzimos quase que integralmente nossa posição em inflação implícita, após alta superior a 60bps em poucos dias. Ainda vemos uma inflação mais elevada de agora em diante, mas a assimetria ficou menos atrativa nos atuais níveis.

Acredito que o dólar esteja artificialmente baixo (contra o BRL). Caso não haja mudança de cenário, ele deverá se acomodar em patamar mais elevado (BRL mais depreciado). Contudo, devemos esperar as intervenções mais agressivas do BCB cessarem antes de uma visão mais concreta em relação ao curto-prazo.

Não vejo prêmios excessivos na curva de juros local na atual conjuntura de incerteza.

Continuo vislumbrando juros mais elevados estruturalmente nos EUA.

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