Update.

O destaque do dia ficou por conta dos dados de emprego nos EUA. Os números mostraram uma criação de vagas de trabalho robusta em maio, a menor taxa de desemprego em quase 20 anos e uma aceleração nos rendimentos, mostrando acumulo de pressões inflacionárias. Além disso, o ISM Manufacturing mostrou um cenário de crescimento relativamente estável e saudável.

Em linhas gerais, os números dos últimos dias mostraram um quadro de robustez do crescimento norte americano, e alguns sinais mais positivos de crescimento global, como as exportações da Coreia do Sul, vendas no varejo na Alemanha, entre outros. O mercado já trabalha com um crescimento do PIB dos EUA em torno de 3,5% anualizado no segundo trimestre do ano.

Por um lado, os números retiram um risco do curto-prazo, de uma desaceleração mais acentuada do crescimento global como chegou-se a temer nas últimas semanas. Por outro lado, a manutenção de um crescimento sólido mantém os bancos centrais das principais economias do mundo devem se manter em um processo de normalização monetária, o que tem se mostrado (e se provado) uma grande restrição para rodadas adicionais de apreciação dos ativos de risco no geral.

No Brasil, a atuação do Tesouro está ajudando a trazer mais estabilidade e racionalidade ao mercado de juros, a despeito do steepening da curva. O mercado de câmbio continua pressionado pelo humor global em relação ao dólar no mundo, além da pressão em busca por hedges em um ambiente de incerteza do ciclo eleitoral.

O presidente da Petrobrás pediu demissão e deverá ser substituído pelo diretor financeiros, com algum reconhecimento do mercado. As ações da empresa caíram cerca de 15%. O Ibovespa apresentou alta, puxado peo bom desempenho de outros setores da economia.

Eu reforço a minha visão de que a situação econômica e política do país apresentou grande deterioração nas últimas semanas. Não vejo uma melhora do cenário local até uma definição em relação ao quadro político. Além disso, o cenário externo deixou de ser um vento favorável e, na margem, pode se tornar um vento contrário de forma mais estrutural.

Entendo que houve uma melhora substancial na posição técnica do mercado, loca e externo. Entendo que o nível de preços se mostra mais atrativo. Contudo, vejo melhoras apenas como pontuais e localizadas, que podem (ou poderão) ser cunhadas como “relief rally”. Não tenho vontade de ter posições estruturais em Brasil neste momento.

Além disso, sigo vendo o processo de normalização monetária nos EUA como uma restrição a melhoras estruturais nos ativos de risco, além de questões pontuais e idiossincráticas, como na Itália, Espanha, México (eleições e NAFTA), Brasil, Turquia atuando na mesma direção.


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