BCB goes all-in.
Brasil – O IPCA de maio apresentou alta de 0,40% MoM e 2,86% YoY, acima das
expectativas de 0,29% MoM e 2,74% YoY. A despeito da surpresa altista, o
qualitativo do indicador ainda mostra um quadro saudável.
De qualquer maneira, acredito que a
inflação tenha feito o seu piso e deveremos conviver com números mais elevados
de agora em diante, seja via repasse cambial, seja através dos impactos da
greve dos caminhoneiros. Continuo gostando de carregar alguma posição comprada
em inflação implícita.
O destaque do dia, contudo, ficou por
conta da dinâmica do mercado. O BCB, com uma atuação agressiva no mercado de
câmbio, conseguiu promover uma queda de cerca de 5% no dólar (contra Real). A
despeito de uma elevada volatilidade pela manhã, o movimento do dólar ajudou a
dar suporte ao mercado de juros ao longo da tarde.
Ainda acho cedo para a acreditar em
uma mudança de tendência dos ativos locais. Entendo que o quadro técnico esteja
mais saudável e o preço dos ativos mais atrativo, mas só teria conforto em
alocações mais otimistas em Brasil com uma definição mais clara do quadro
eleitoral. Enquanto isso não ocorre, vejo os movimentos de hoje como “relief rallies”,
ou movimentos de acomodação, muito mais técnicos do que fundamentais.
É bastante provável que alguns
investidores tenham comprado dólar nos últimos dias como hedge do portfólio de
juros (ou bolsa). Além daqueles comprados em dólar como posição estrutural. A
postura surpreendentemente agressiva do BCB, e não entrarei no mérito de se foi
acertada ou não, acabou levando a uma excessiva apreciação da moeda local,
exacerbada por este quadro técnico.
O movimento de hoje está em linha com
o panorama que traçamos hoje pela manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/risk-off.html),
em que a agressividade do BCB poderia dar suporte ao mercado, mas dificilmente
conseguiria reverter, de fato, a direção dos ativos.
Continuo com postura tática, sem
alocações relevantes (positivas ou negativas). Vejo um cenário ainda
desafiador, o que me impede de manter posições estruturais positivas, mas
também vejo o nível de preços como pouco atrativos, neste momento, para
posições mais negativas. Sigo vendo uma boa assimetria nas inflações
implícitas, não apenas por performarem bem em um cenário mais desafiador, como
por acreditar em uma inflação mais elevada de agora em diante.
Externo – A melhora dos ativos no Brasil ajudou uma recuperação dos ativos
globais. O foco da semana que vem ficará por conta do Core CPI nos EUA já na terça-feira.
Este número poderá ser fundamental para a dinâmica dos mercados globais no
curto-prazo.
As reuniões do G7 também serão
determinantes para testar até onde os EUA está disposto a ir em suas
negociações comerciais.
Continuo acreditando na tese de juros
mais elevados de forma mais estrutural nos EUA. Na atual conjuntura, e nos
atuais níveis de preço, já vejo boas assimetrias em algumas estruturas e opções
no mercado de renda variável dos EUA como hedge da posição de juros.
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