Brasil continua pressionado.


Brasil – Vou parecer uma “vitrola quebrada”, mas tivemos mais um dia de forte deterioração dos ativos locais, seguindo a tendência das últimas semanas. Alta do dólar, alta das taxas de juros, com “bear steepening” e queda da bolsa. As últimas pesquisas eleitorais, e o quadro político e econômico do país não ajudam o humor local (vide mais detalhes aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/). Além disso, o cenário externo permanece mais desafiador para os países emergentes em geral. Não vejo estes vetores melhorando no curto-prazo e sigo com visão mais cautelosa e negativa.

Entendo que a posição técnica já apresentou alguma melhora, com alguns fundos locais zerados e outros já na ponta negativa, mas o estoque de posições “positivas em Brasil” ainda parece demandar alguns ajustes adicionais. O mercado até parece “esticado” para o lado negativo no curto-prazo, mas precisaremos de algum “trigger” para que o movimento seja revertido.

Fora uma mudança substancial do cenário externo, apenas uma mudança no quadro político local, que venha a aumentar substancialmente a probabilidade de vitória de um candidato liberal e reformista, será capaz de reverter estes movimentos negativos. Enquanto isso, o máximo que podemos esperar são movimento se acomodação, “relief rallies”, que costumam ser curtos e pouco duradouros.

As recentes declarações dos candidatos a presidente, pelo menos daqueles que se mostram mais competitivos, em nada ajudam o humor dos investidores em relação ao Brasil. A fragilidade do atual Governo e as medidas de afrouxamento adotadas após a greve dos caminhoneiros também não ajudam o humor dos mercados locais.

Externo - Alguns membros do ECB na Europa sinalizaram para uma discussão em torno da redução, ou discussão de encerramento, do QE na reunião de política monetária deste mês, o que ajudou a dar suporte aos yields (taxas de juros) dos países desenvolvidos e ao EUR.

Na Índia, o Banco Central do país promoveu uma alta inesperada nas taxas de juros. A situação do país é um pouco diferente da situação do Brasil, pois já houve uma piora relevante das expectativas de inflação, o que ainda não ocorreu no Brasil. De qualquer forma, fica cada vez mais claro que os bancos centrais emergentes estão se tornando mais hawkish.

O cenário externo continua mais desafiador para os países emergentes e para o Brasil, a medida que fica mais evidente os acúmulos de pressões inflacionárias, especialmente nos EUA, e a necessidade de continuidade do ajuste da política monetária nos países desenvolvidos, o que foi um grande suporte aos ativos de risco nos últimos 10 anos.

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