Leve "risk-off". BCB anuncia continuidade das intervenções cambiais.
Os ativos de risco estão abrindo essa
manhã com leve vié de “risk-off”,
com destaque para uma pequena queda das bolsas e uma pressão no mercado de
commodities. As taxas de juros nos países desenvolvidos operam em baixa e o
dólar apresenta desempenho mai misto neste momento.
Segundo a mídia internacional, o
Governo dos EUA irá anunciar hoje a
imposição de tarifas de importações em cerca de 800 a 900 produtos de um total
de US$50bi, de transações com a China.
Caso isso se confirme, é esperado que a China reaja de maneira rápida e
similar, impondo medidas recíprocas. Este seria mais um perigoso passo para uma
possível “guerra comercial”. Por mais que o mercado ainda veja essas ações
apenas como meios de se conseguir melhores condições comerciais, este tipo de
postura aumenta, sobremaneira, a probabilidade de um erro de política comercial,
com impactos negativos sobre a atividade e altistas sobre a inflação.
No Brasil, o BCB anunciou que irá vender, no mínimo, na semana que vem
mais US$10bi em swaps cambiais. O BCB continua cumprindo o seu papel de prover
liquidez e racionalidade ao mercado. Continuo acreditando que essa postura será
suficiente apenas para suavizar o movimento da moeda, mas incapaz de alterar
sua direção e sua dinâmica. Acredito que esse seja o objetivo do BCB e, por
ora, podemos dizer que ele está sendo bem sucedido, caso contrário, o dólar
estaria em patamares muito mais elevados. A médio-prazo, contudo, a utilização dos
swaps, de maneira agressiva como está sendo usado no curto-prazo, pode deixar o
país em situação mais delicada, especialmente se o cenário eleitoral permanecer
nebuloso e o cenário externo mais desafiador. Neste caso, apenas uma alta mais
agressiva das taxas de juros será capaz de ajudar na estabilização da moeda.
O CMN anunciou medidas de alívio aos
fundos previdenciários, com intuito de trazer algum vendedor final de taxa de
juros ao mercado. Antecipando o ajuste do prazo-médio das seguradoras, o CMN
visa prover liquidez ao mercado de juros.
A curva local de juros já precifica cerca de 35 a
40bps de alta na Taxa Selic no Copom da semana que vem. A curva como um todo
apresenta cerca e 250bps de alta este ano. Até acredito que serão necessárias altas
de juros em breve, mas talvez seja cedo para o BCB reagir já na reunião da
próxima semana, exceto por uma escalada ainda mais acentuada do dólar, digamos
acima de 4.00 até lá. De qualquer maneira, acredito que o BCB será bastante pragmático,
seguindo os seus modelos de inflação no tocante a política monetária, ou seja,
os efeitos do câmbio serão levados sim em conta, mas apenas a medida que mudem
o patamar das expectativas de inflação.
Comentários
Postar um comentário