Giro do Final de Semana – One More Down, Further To Go!

By Dan Kawa

 

Em uma corrida contra o tempo, o governo da Suíça, capitaneado pelo Banco Central do país, fez com que o UBS comprasse o Credit Suisse (CS) por cerca de 30% do valor da ação cotada na sexta-feira. Alguns detentores de dívida AT1 do CS sofrerão perdas de 100% de seu capital. Os acionistas de ambas as instituições não serão consultados sobre o acordo, em uma mudança inédita que será feita nas leis do país para que o acordo de compra seja concretizado.

 

Não quero entrar no profundo mérito da discussão dos pormenores deste acordo. A urgência da medida e o caminho com que ela tomou mostra a extrema fragilidade que o CS se encontrava no final da semana passada. Além disso, ficou claro no final de semana o enorme risco sistêmico que o CS representava para o sistema financeiro global, aos olhos dos policy makers.

 

Ao mesmo tempo em que a medida foi anunciada, os bancos centrais das principais economias do mundo anunciaram a expansão das suas “swap lines”, em muito utilizadas em momentos de crise aguda do sistema financeiro.

 

Tenho uma visão ainda cautelosa em relação ao ambiente global.  Crises financeiras só terminaram com soluções estruturais e de longo-prazo que tragam a confiança ao mercado de que o sistema financeiro está saudável e robusto.

 

Em 2008 isso ficou claro. O JPM “comprou” a Bear Sterns em março. A Lehman quebrou em setembro. Em 6 meses, diversas outras instituições quebraram ou precisaram de suporte. O mercado só foi estabilizar com o suporte da TARP e uma série de outras medidas.

 

A venda do CS para o UBS é uma “solução-tampão”. Evita cenários de cauda para a Suíça, mas não resolve a crise de confiança no sistema. Talvez ajude a estabilizar o mercado no curto-prazo, mas acho que os riscos de longo-prazo permanecem.

 

A velocidade de deterioração do CS e o que temos visto nos bancos regionais americanos e um “wake up call” para o mercado e os policy makers.

 

Uma coisa é certa. A atual conjuntura pressupõe um aperto adicional das condições financeiras, através do canal de crédito. De certa forma, isso ajudará os BCs, em especial o Fed, em seu combate à inflação. Isso deve demandar menos altas de juros, e taxas terminais mais baixas, se comparado a um cenário sem crise financeira.

 

Podemos estar diante de um importante ponto de inflexão em termos de teses de investimento, saindo definitivamente da tese “Inflação” e “Juros Altos”, para uma tese de “Desaceleração do Crescimento” e eventual “Recessão”. Ainda é cedo para cravar o timing deste processo, mas isso precisa ser pensado e refletido nos portfólios de agora em diante.

 

*As análises e opiniões são pessoais e não representam uma visão institucional.

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