Daily News – Brasil: Um Novo Ciclo?

Os ativos de risco continuam caminhando para o fechar o mês em uma toada mais positiva.

 

Continuo vendo o momento atual como uma mistura de vetores que estão ajudando a dar suporte aos ativos de risco: Posição técnica saudável;  Estabilização (mesmo que pontual) do humor em relação ao sistema bancário; Aumento das expectativas da proximidade do fim do ciclo de alta de juros nas economias maduras; e um período de fim de trimestre.

 

No Brasil, o novo Arcabouço Fiscal será apresentado oficialmente essa manhã, mas diversos parâmetros já foram vazados na mídia. O principal deles é um gatilho de crescimento de despesa a uma proporção de 70% da receita. Os gastos de saúde e educação estariam dentro deste parâmetro. Caso este gatilho não seja cumprindo, haverá um novo gatilho, reduzindo ainda mais as despesas no ano subsequente: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/03/29/novo-arcabouco-estabelece-que-despesas-so-poderao-crescer-70percent-do-avanco-das-receitas-confirmam-deputados.ghtml.

 

Este não é o melhor modelo do mundo. Certamente será de difícil execução. Outras opções existiam. Contudo, na atual conjuntura, com os mercados locais “amassadas”, com valuations (na média) atrativos e uma posição técnica saudável, não duvido que o mercado se anime com este anúncio.

 

Qualquer Arcabouço seria de difícil execução. O próprio Teto do Gasto, que sempre foi visto como um excelente avanço institucional, se mostrou frágil em um momento de maior fragilidade do país. Dito isso, a proposta parece de simples entendimento e a matemática, a princípio, funciona.

 

Que fique claro, não estou ficando mais otimista estruturalmente, mas entendo que este era um tema sensível de curto-prazo que terá sido endereçado em um caminho razoável, mesmo que não perfeito (ou utópico), o que pode vir a ajudar a dinâmica de curto-prazo dos ativos locais.

 

As condições de contorno do mercado internacional também estão mais favoráveis aos ativos do Brasil, que viviam a incerteza do Fiscal, e vinham com desempenho relativo pior do que os seus pares. A China segue dando sinais positivos de crescimento, as taxas de juros no mundo desenvolvido recuaram, as commodities apresentaram recuperação recente e ainda não há sinais de desaceleração do crescimento global. Menos juros, com crescimento ainda saudável costuma ser um pano de fundo positivo para Brasil.

 

No cenário internacional, destaque para o aumento da correlação entre Ações e Renda Fixa, que está no maior patamar desde 1997:

 


Na Alemanha e na Espanha, os núcleos de inflação continuam desconfortavelmente elevados, o que deve manter o ECB pressionado:

 



As condições financeiras mais frouxas serão um novo desafio de comunicação para o Fed:

 


*As análises e opiniões são pessoais e não representam uma visão institucional.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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