Daily News – De Volta a 2022?

Os ativos de risco encerram fevereiro em uma toada mais negativa, após uma rodada adicional de reprecificação do cenário para os juros globais nos próximos meses/anos. Acredito que, enquanto não tivermos uma visibilidade de qual será a taxa de juros terminal da economia, e qual será o seu impacto sobre o crescimento, deveremos conviver com um ambiente de bastante volatilidade e com viés mais negativo: 

 


No Brasil, o governo optou por fazer uma reoneração gradual de impostos para os combustíveis, mas com medidas heterodoxos de mudar os dividendos da Petrobras e sua política de paridade de preços. Além disso, o governo irá adicionar uma taxação sobre exportação de óleo bruto por 4 meses, uma distorção adicional ao setor.

 

Vejo este movimento com desconfiança e de maneira negativa, pois mostra a enorme dificuldade que o governo terá em manter um quadro fiscal aceitável (ou sustentável), em meio a suas promessas mais populares de campanha.

 

Os indicadores antecedentes e coincidentes de atividade econômica no Brasil confirmam um cenário de evidente desaceleração do crescimento no final de 2022, o que traz um desafio adicional a este novo governo:

 


Dois dados ontem merecem citações. Os dados de emprego de dezembro mostraram um pano de fundo ainda positivo, mas com sinais incipientes de deterioração.

 


Os dados fiscais foram positivos, mas claramente refletem um “olhar no retrovisor”, com inúmeros riscos e baixa visibilidade sobre o que teremos pela frente, na ausência de um novo arcabouço fiscal.

 


Na China, o PMI apresentou alta na direção esperada, mas em um ritmo ainda mais forte do que as expectativas:

 



Como comentei neste fórum ontem (https://twitter.com/DanKawa2/status/1630497499554217984?s=20), a despeito da volatilidade dos ativos chineses, os dados econômicos continuam confirmando um cenário de robusta e sustentável recuperação da economia.

 

Não à toa, o mercado voltou a dar mais atenção a tese de “Inflação” no mundo, deixando de lado a tese de “Desaceleração” ou “Recessão”. Os dados econômicos têm reforçado este viés e, consequentemente, os ativos de risco voltaram a operar com algumas tendências parecidas aquelas verificadas em 2022: 



Em um comentário mais técnico a Merrill Lynch trouxe a reflexão de que o mercado de ações costuma fazer seu “piso” quando o P/E+CPI está abaixo de 20. Ainda estamos longe deste patamar...

 


*As análises e opiniões são pessoais e não representam uma visão institucional.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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