Daily News – Ainda longe da saída
Em sua aparição ontem no Congresso americano, Jay Powell, Presidente do Fed, foi incisivo em suas declarações. Segundo ele, o Fed irá fazer tudo que está ao seu alcance para controlar a inflação. Um novo aumento do ritmo de alta de juros não está descartado, e as taxas de juros terminais deste ciclo devem ser maiores do que o anteriormente imaginado.
As declarações de Powell levaram a um
movimento global e coordenado de aversão a risco nos mercados globais. Alguns
indicadores chamam a atenção, e acendem um sinal amarelo para a economia dos
EUA.
As taxas de juros de 2 anos
ultrapassaram os 5% pela primeira vez desde 2008 e a curva de juros mostrou
forte inversão (vide gráfico abaixo), movimento que costuma preceder fortes recessões no país. O
mercado passa a esperar taxas terminais de juros na faixa de 5.5% a 6%, com uma
probabilidade elevada de alta de 50bps no próximo FOMC.
Em termos de alocação, como tenho
insistido neste fórum, sigo com visão mais cautelosa, que pode ser resumida no
quadro a seguir:
No Brasil, os ativos locais seguem
apresentando desempenho relativo e absoluto negativos e piores do que os seus
pares. Comentei mais a fundo sobre este processo no diário de ontem: https://mercadosglobais.blogspot.com/2023/03/daily-news-espera-de-um-sinal.html.
Os sinais emitidos pelo atual governo
continuam em uma direção de mais gastos, sem que tenhamos a visibilidade da
contrapartida de receita. Agora, o tema é o reajuste dos servidores: https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/03/governo-estuda-elevar-reajuste-de-servidores-para-9percent-e-aumento-em-auxilio-creche.ghtml.
Ontem foi a fez do fundo Verde, um
dos gestores mais respeitados do país, alertar sobre os caminhos que vem sendo
escolhidos, em termos econômicos, por este governo:
Em relação a China, começo a ficar um
pouco ressabiado com a sustentabilidade da recuperação do país. Os dados de
alta frequência mostram um bom “momentum” da economia, mas ainda há sinais de
fragilidade do país: https://twitter.com/DanKawa2/status/1633083749733744642?s=20.
No mercado de crédito High Yield (HY)
americano, os spreads não parecem precificar uma eventual desaceleração, ou
recessão, do país, com concomitante elevação dos defaults:
Será que a forte queda na venda de
semicondutores sinaliza uma desaceleração mais relevante do crescimento global?
Finalizo hoje com uma interessante simulação da direção e nível do CPI nos EUA
para altas/quedas mensais constantes do indicador. A conclusão é que o processo
de desinflação será longo e difícil:
*As análises e
opiniões são pessoais e não representam uma visão institucional.
Comentários
Postar um comentário