Daily News – Sobre Bancos Centrais e Juros.

Os ativos de risco parecem estar passando por mais um momento de “bear market rally”, que juntou uma posição técnica muito pessimista e a solução (mesmo que de curto-prazo e não estrutural) dos problemas bancários nos EUA e na Europa, e acabou levando a uma rápida e acentuada recuperação das bolsas, em especial, nos EUA.

 

A despeito de eu manter uma visão ainda cautelosa, há sinais de mercado que precisam ser monitorados e, de forma alguma, podem ser ignorados. Primeiro, a enorme dificuldade em queda adicionais das bolsas globais.

 

Segundo, sinais de que podemos estar em um importante ponto de inflexão para a política monetária. Terceiro, mesmo que eu espere uma recessão em algum momento dos próximos 6 a 12 meses, isso ainda é uma expectativa longínqua, que não aparece nos dados econômicos.

 

Nos EUA, o Fed divulgará sua decisão de política monetária. Espero alta de 25bps, com um discurso mais aberto e flexível em relação aos caminhos futuros. Powell e Cia. devem tentar diferenciar a política monetária para combater a inflação e a política regulatória e de liquidez para lidar com os desafios do sistema bancário.

 

Entendo e concordo com a reflexão de Jim Caron do MS: The narrative in the market is that rising rates caused this problem. We disagree. It was higher inflation that caused rates to rise that caused the problem. If the Fed doesn’t get inflation under control, then they are not solving the problem and risk repeating it. On this count the Fed should stay the course.

 

No Brasil, espero que o Copom mantenha os juros estáveis e com um discurso mais neutro, apontando para sua postura dependente dos dados econômicos.

 

A mídia vazou as indicações para as diretorias do BCB. Em relação a Diretoria de Política Monetária, o feedback que tive é de que “dos males, o menor”. A indicação é de um economista sem expressão no mundo acadêmico e com participação inexpressiva no mercado financeiro. Parece ser uma indicação de Galípolo e estar na ala de Haddad.

 

Não deveria “bater de frente” com o Presidente do BCB atualmente, mas pode se alinhar ao próximo presidente e estar mais ao lado das ideias de Lula e do PT. Foi um dos economistas que apoio Lula na época das eleições.

 

Em relação ao arcabouço fiscal, o que vinha vazando na mídia parecia prudente, mas Lula pediu mudanças, que só serão entendidas a fundo após seu retorno da China: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/03/21/haddad-diz-que-transicao-para-novo-arcabouco-preve-recomposicao-para-saude-e-educacao.ghtml.

 

É evidente como os ativos do Brasil estão com desempenho relativo muito pior do que os seus pares, em um ambiente de baixa visibilidade fiscal, clara desaceleração do crescimento em um pano de fundo de inflação ainda elevada.

 

Voltando ao cenário internacional, a inflação no Reino Unido ficou muito acima do esperado, mostrando que ainda há um árduo trabalho a ser feito pelo BoE no controle da inflação. A abertura mostra uma forte alta dos núcleos e de serviços, em um sinal preocupante para o formulador de política monetária:

 



*As análises e opiniões são pessoais e não representam uma visão institucional.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Daily News – Brasil: Para o Alto e Avante – Parte II

Juros Brasil