Daily News – From Boom to Bust
A minha principal tese ao longo deste ciclo de alta de juros no mundo desenvolvido e, principalmente, nos EUA, é de que seria muito difícil trazer a taxa de juros de zero para em torno de 5% sem deixar de “quebrar algumas coisas” pelo caminho. Isso é mais verdade em uma economia alavancada como os EUA.
Ontem, o Silicon Valley Bank (SVB), um
dos maiores bacos por base de ativos nos EUA, anunciou um “rombo” de cerca de
R$2bi, a venda de ativo com prejuízos e a necessidade de capitalização.
Contextualmente, o SVB é um
importante players financeiro no Vale do Silício, que cresceu exponencialmente
nos anos de liquidez abundante, atendendo as startups da região. Com os juros
elevados, o mundo de startups e VC acabou sofrendo. Isso leva a queda de depósitos
do banco e a necessidade de liquidez.
Como o SVB havia comprado título de
renda fixa americana a taxas em torno de 1,8%, ele foi obrigado a se desfazer
destes papeis a uma taxa mais próxima de 5%. Isso levou a fortes perdas em sua
base de capital.
A regulação americana não obriga que
estes títulos sejam marcados “a mercado”, apenas “na curva”. Apenas quando há a
venda dos papeis é que estes prejuízos são realizados em balanço.
As ações do SVB caíram 60% ontem e
caem mais 20% no pre-market. O mercado, corretamente, começa a buscar os “weak
links” (pontos fracos) do sistema, neste atual ambiente.
Um dos maiores riscos, como tenho
insistido neste fórum, é o mercado imobiliário, especialmente a parte
comercial. Diversos bancos regionais apresentam exposições relevantes e
preocupantes neste nicho de mercado:
A grande dúvida que resta neste
momento é qual o potencial de contágio para o resto do sistema. Minha opinião
preliminar, que certamente irá evoluir ao longo dos próximos dias, é que o
mercado ficará mais sensível e negativo no curto-prazo, até ter certeza do
tamanho do problema.
Existem diversas ferramentas de
liquidez que o Fed pode usar para suavizar este tipo de dinâmica. De qualquer
forma, ainda veremos diversos casos de bancos em apuros, o que irá agir como
restrição ao bom andamento da economia, em um ambiente já desafiador do ponto
de vista inflacionário.
Sendo assim, mantenho meu viés mais
cauteloso para alocações em ativos de risco.
Para os interessados, o fio a seguir
resume melhor do que eu a situação: https://twitter.com/grdecter/status/1633919731081125890?s=46&t=Sb9LMqfeBSvFGwHgXkeWzw.
*As análises e
opiniões são pessoais e não representam uma visão institucional.
Dan
H. Kawa
CIO
TAG Investimentos
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