Guerra Comercial e Fed


Os EUA anunciaram ontem um pré-acordo parcial com a China. A “acordo” é mais um “memorando”, que ainda não foi assinado, e cuja a delegação da China ainda terá que trabalhar com seu Premier quando retornar para sua casa.

Grosso modo, os EUA retiram as tarifas que seriam elevadas dia 15 de outubro, os EUA podem retirar a designação de “Manipulador de Moedas” da China e, em troca, a China pode comprar mais produtos agrícolas e porcos dos EUA. Outros detalhes não foram completamente divulgados.

Na minha visão, este “acordo” é um passo inicial importante, está em linha com o que eu vinha esperando ao longo das últimas duas semanas, mas em nada muda o cenário de longo-prazo para a economia global.

Acredito que a manutenção das tarifas já existentes tem sido um fardo importante para a economia mundial. Sem que essas tarifas sejam retiradas e com a economia global ainda pressionada, dificilmente teremos uma reversão mais sustentável do crescimento mundial.

As bolsas dos EUA fecharam a sexta-feira em alta, mas devolveram parte da melhora após o anúncio feito pelos EUA.


Ainda ontem, o Fed anunciou que comprará cerca de US$60bi por mês em T-Bills – papeis do governo de vencimentos curtos – de até um ano. Este “programa” irá funcionar até, pelo menos, 2020.


Vejo a medida como positiva, na direção de retirar pressão sobre o mercado interbancário dos EUA. O Fed afirma que não é um novo programa de QE. O balanço da instituição será novamente expandido, mas não vejo efeitos duradouros sobre ativos de risco. Se é um QE, ou não, o que virou foco de debate nas mídias sociais, pouco importa.

Vejo estes dois vetores como positivos para humor de mercado de curto-prazo. Contudo, não vejo eles alterando um cenário econômico ainda desafiador. Assim, ainda vou esperar a estabilização dos dados econômicos antes de dar o benefício da dúvida em alterar minha visão mais cautelosa para a economia mundial.

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