Relatório Semanal de Asset Allocation:
Cenário
Econômico:
Os ativos de risco mantiveram dinâmica positiva ao
longo da semana, em linha com o que imaginávamos que poderia acontecer após a
divulgação dos principais dados econômicos nos EUA.
Uma
combinação de posição técnica favorável, preços e valuations um pouco mais
atrativos (em algumas classes de ativos) e a sazonalidade do verão/ férias no
hemisfério norte estão ajudando a corroborar um cenário de “Goldilocks” e
provocando um “risk-on” nos ativos de risco, ainda que momentâneo.
Continuamos
acreditando que tanto esta interpretação quanto este movimento são de
curto-prazo. Não sabemos até quando podem perdurar. Contudo, não vemos mudanças
substanciais no pano de fundo de longo-prazo.
No
Brasil, acreditamos que grande parte da recuperação recente dos ativos locais,
em especial na Bolsa, tenha sido provocada por este ambiente externo mais
construtivo.
No
campo político, existe alguma animação com o começo das alianças para as
eleições presidenciais, e o acordo fechado entre o PSDB com o PSD, em parte
esperado.
A
eventual divulgação do apoio do “Centrão”, nas próximas semanas, poderá ter um
efeito importante sobre a campanha eleitoral e a percepção do mercado em torno
das chances deste ou daquele candidato. Ainda existe uma ponta de esperança por
parte de alguns de algum ganho de ímpeto por parte do candidato do PSDB após as
alianças serem feitas e depois de começada a campanha eleitoral.
Historicamente, o tempo de TV e as alianças sempre foram importantes nesta
frente, levando a aumentos não desprezíveis nas intensões de voto das pesquisas
eleitorais. Resta saber se o tempo de TV ainda tem o mesmo impacto de outrora,
vide o crescimento expressivo do interesse pelas redes digitais e o tempo gasto
por parte da população nas mesmas.
Acreditamos
que o cenário ainda é bastante indefinido e só teremos uma maior visibilidade
mais perto do início da campanha eleitoral. Enquanto isso, o cenário externo
será preponderante sobre o preço dos ativos locais.
No
tocante à conjuntura econômica, segue um cenário de inflação estrutural baixa,
uma recuperação pífia do crescimento e contas externas saudáveis.
Vale aqui um alerta
para as recentes medidas de impacto fiscal negativo aprovadas pelo Congresso
Nacional no “apagar das luzes” antes do recesso parlamentar. As medidas
aprovadas (e outras ainda em pauta) revertem parte relevante do ajuste fiscal
já efetuado pelo atual governo, colocando a situação das contas públicas, já
delicada, em dinâmica ainda mais preocupante.
O cenário fiscal
continua a ser o principal risco para o país no futuro não muito distante e é
por isso que o cenário político torna-se tão importante. Somente um governo de
caráter reformista, liberal e de centro, que realmente acredite na necessidade
de um ajuste importante será capaz de angariar apoio no Congresso para colocar
em prática as medidas necessárias. Qualquer outro governo será levado a
tentações populistas ao primeiro sinal de revolta da sociedade, tal como
estamos vendo acontecer após a greve dos caminhoneiros.
Alocação/Estratégia:
Juros
- Preferimos estar neutros nas curvas nominais e reais de juros,
pois vemos o risco/retorno como não atrativo. Já não temos mais a convicção de
que os juros ficarão mais baixos por muito tempo, a despeito do cenário de
inflação corrente bastante contida.
Câmbio
- Continuamos sem recomendações estruturais para o mercado de
câmbio. O menor carrego da moeda, o cenário externo mais desafiador e o cenário
eleitoral ainda indefinido deverão manter o câmbio com elevada volatilidade e
em patamares mais depreciados do que o imaginado anteriormente.
Renda
Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros, preferimos estar com posições
neutras (ou em torno da média) no mercado de renda variável. Estamos optando
por fundos com menor “beta” ao mercado e que priorizem ações de valor e/ou com
boa previsibilidade de resultados, como alguns fundos de dividendos.
Fundos
Estruturados - Continuamos com recomendações acima da média para fundos
multimercados. Gostamos de gestores que historicamente conseguem gerar “alpha”
em mercados externos, e/ou que mostrem menor dependência a temas específicos,
como a queda de juros no Brasil.
Fundos
de Investimento no Exterior - Finalmente, acreditamos
que existe espaço para fundos de investimento no exterior com viés neutro ao
“beta” do mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA e etc, nos
quais a escolha do gestor seja um gerador maior de retorno do que a direção do
mercado em si.
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