Relatório Mensal de Asset Allocation:
Cenário
Econômico:
O mês de junho foi marcado pela confirmação de um
cenário mais desafiador para o Brasil e para o mundo do ponto de vista
econômico.
No Brasil, além dos efeitos ainda incertos da greve
dos caminhoneiros, vemos uma recuperação ainda mais lenta e gradual do que a
imaginada anteriormente. Com o cenário de indefinição política, fica difícil
vislumbrar qualquer aceleração mais permanente e estrutural da economia neste
momento. A inflação apresentou uma rápida e acentuada elevação, mas tudo indica
que será uma questão pontual e localizada. Os indicadores de núcleo e o
qualitativo da inflação continuam mostrando um quadro de baixa pressão inflacionária
na economia.
O Banco Central e o Tesouro Nacional continuaram a
atuar de maneira conjunta para prover liquidez e racionalidade aos mercados de
câmbio e juros. O Copom manteve os juros estáveis em 6,5%, como era amplamente
esperado, e acertadamente optou por não dar qualquer indicativo mais firme em
relação aos próximos passos da política monetária, já que existe um grau maior
de complexidade no cenário prospectivo.
Não houve mudança significativa no quadro político
local.
Nos EUA, continuamos a ver um cenário de acúmulo de
pressões inflacionárias, com um crescimento sólido e saudável. A economia
parece estar no pleno emprego, com o hiato do produto fechado. O Fed anunciou
mais uma alta de juros de 25bps, dentro das expectativas do mercado. O Governo
Trump continua com uma postura mais dura no tocante às negociações comerciais.
Na China, a economia mostrou sinais de
desaceleração e o processo de desalavancagem da economia parece passar por um
momento de maior incerteza, com os ativos chineses apresentando forte
depreciação ao longo das últimas semanas.
Os indicadores de crescimento na Europa mostram uma
economia em níveis ainda saudáveis, mas com claros sinais de arrefecimento na
atividade econômica. Além da complexidade do cenário político na Itália, a
Alemanha passa por um momento mais conturbado politicamente, com a coalização
do Governo Merkel sendo duramente questionada.
Diante do exposto acima, acreditamos que iremos
conviver com um ambiente de maior incerteza e volatilidade ao longo dos
próximos meses, o que já vem sendo regra desde meados de fevereiro. A despeito
de nosso viés mais negativo, ainda não vemos motivos claros para um
“rompimento” dos ativos de risco em busca de uma tendência mais prolongada e
permanente de dinâmica negativa.
Assim, por ora, esperamos que os ‘ranges’ recentes
sejam mantidos. Contudo, dada a evolução e a complexidade do cenário, não
descartamos que, em algum momento dos próximos meses (6 a 12 meses) o cenário e
a dinâmica dos ativos de risco possam se tornar de fato mais negativos
estruturalmente. Seria a primeira vez que isso iria ocorrer desde a crise de
2008, ou seja, em cerca de 10 anos.
Alocação/Estratégia:
Continuamos
com uma visão mais cautelosa para os cenários local e externo. Assim, mantemos
alocações mais defensivas nesse momento.
No
cenário local, observamos números mais fracos de crescimento e emprego, o que
sugere uma recuperação mais lenta e gradual do que a prevista anteriormente. O
processo eleitoral começa a ganhar corpo, mas ainda com grande indefinição, o
que dificulta desenvolver qualquer panorama para um prazo mais longo.
Finalmente, no tocante ao cenário externo, vemos um acúmulo de pressões
inflacionárias nos EUA e números de crescimento mais fracos na Europa e na
China, o que faz com que ainda haja muita indefinição no curto-prazo.
Assim,
com este pano de fundo, estamos reforçando nossas recomendações mais neutras e
cautelosas para os ativos locais.
Juros -
Preferimos estar neutros na parte curta das curvas nominais e reais de juros,
pois vemos o atual risco/retorno como não atrativo. Já não temos mais a
convicção de que os juros ficarão mais baixos por muito tempo, a despeito do
cenário de inflação corrente bastante contida. Precisamos entender de maneira
mais clara o impacto dos eventos recentes na inflação prospectiva, antes de
termos alguma opinião mais firme em relação à curva local de juros reais e
nominais.
Câmbio -
Continuamos sem recomendações estruturais para o mercado de câmbio. O menor
carrego da moeda, o cenário externo mais desafiador e o cenário eleitoral ainda
indefinido deverão manter o câmbio com elevada volatilidade e em patamares mais
depreciados por mais tempo.
Renda
Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros, preferimos estar com posições
neutras (ou em torno da média) no mercado de renda variável. Estamos optando
por fundos com menor “beta” ao mercado e que priorizem ações de valor e/ou com
boa previsibilidade de resultados, como alguns fundos de dividendos.
Fundos
Estruturados - Continuamos com recomendações acima da média para fundos
multimercados. Gostamos de gestores que historicamente conseguem gerar “alpha”
em mercados externos, e/ou que mostrem menor dependência a temas específicos,
como a queda de juros no Brasil.
Fundos
de Investimento no Exterior - Finalmente,
acreditamos que existe espaço para fundos de investimento no exterior com viés
neutro ao “beta” do mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA
e etc, nos quais a escolha do gestor seja um gerador maior de retorno do que a
direção do mercado em si.
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