Goldilocks for now, not forever.
Passada a ressaca da Copa, vamos ao
que interessa. Os dados de emprego de junho, nos EUA, mostraram uma criação robusta de vagas de trabalho, uma alta
positiva da Taxa de Desemprego – pois foi puxada pela elevação na taxa de
participação – porém com poucas pressões de salários. Os mercados reagiram com
um movimento clássico de “risk-on”.
De fato, a combinação destes números
nos remete aos períodos do passado recente de “Goldilocks” da economia dos EUA
e dos mercados financeiros globais. Caso os dados de inflação nos EUA na semana
que vem não mostrarem uma alta mais acentuada dos índices de preço, essa
dinâmica mais positiva poderá perdurar por mais algum tempo, especialmente em
um período de sazonalidade positivo devido as férias de verão no hemisfério
norte.
Contudo, não acredito que estes
movimentos sejam permanentes, estruturais ou que denotam uma nova tendência.
Ainda vejo os mercados globais, grosso modo, com volatilidade (positiva ou
negativa), porém respeitando alguns “ranges”. Por isso tenho favorecido um
portfólio ainda balanceado.
Ainda vejo a economia dos EUA em
estágio avançado do ciclo econômico, e uma economia das Europa e do resto do
mundo desenvolvido que ainda demandará normalização monetária e redução da
liquidez global, o que não costuma ser positivo para os ativos de risco a
longo-prazo. Nos últimos dias, vimos uma recuperação da atividade econômica em
alguns dados da Europa, que foram lidos, acertadamente, como positivos pelos
ativos de risco. Chamou-me a atenção a forte elevação dos salários no Japão.
Ainda é cedo para acreditar em mudança de tendência no país, mas caso se
confirme está dinâmica, seria uma novidade extremamente relevante para o
cenário.
Em suma, os números recentes reforçam
o cenário de solidez da economia, com mercado de trabalho robusto, porém sem
pressões inflacionárias adicionais. As pressões inflacionárias continuam se
acumulando, mas não há sinais de necessidade de uma postura mais agressiva por
parte do Fed. Este ambiente favorece a estratégia do Fed de normalização
gradual da política monetária, sem ter que acelerar o movimento. Esta
impressão, mesmo que seja pontual, está ajudando – e pode ajudar nos próximos
dias – alguma descompressão daqueles ativos que mais sofreram ao longo das
últimas semanas. Estes movimentos devem ser vistos como pontuais, mesmo que com
duração de algumas semanas.
No Brasil, o IPCA ficou dentro das
expectativas, mostrando efeitos altistas pontuais e um qualitativo ainda
bastante positivo.
Os ativos do Brasil apresentaram dinâmica positiva, seguindo o resto do mundo. A baixa liquidez devido ao jogo da Copa e a posição técnica do mercado (comprada em dólar e já mais negativa) ajudaram a acentuar o movimento da moeda e da curva longa de juros.
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