Relatório Mensal de Asset Allocation:
Cenário
Econômico:
O mês de julho foi marcado por alguns eventos que
merecem ser citados e comentados.
No Brasil, não vimos mudanças no cenário econômico.
Ainda impera um ambiente de inflação corrente baixa, crescimento pífio, contas
externas saudáveis e problemas estruturais nas contas públicas. Ao que tudo
indica, o “plano de vôo” do Banco Central é manter a Taxa Selic estável no
horizonte relevante de tempo e o cenário de curto prazo está permitindo que
este “plano” seja mantido, até este momento.
A grande novidade do mês ficou por conta da cena
política. Com a aproximação das eleições para Presidente, os ativos locais
devem ficar mais sensíveis, ou com maior elasticidade, a notícias nesta frente.
Assim, o anúncio de que o dito “Centrão” irá caminhar junto ao candidato do
PSDB nas eleições para Presidente trouxe um vetor novo a corrida presidencial.
Este apoio garante ao PSDB um tempo de TV e rádio relevante, especialmente em
uma campanha eleitoral com recursos mais escassos. Além disso, o apoio traz
capilaridade ao PSDB em municípios e estados de todo o país. Este apoio é um
ingrediente novo na trajetória das eleições, e será um vetor relevante
principalmente após iniciada a campanha eleitoral.
Na China, vimos uma forte depreciação cambial. Os
policy makers chineses anunciaram uma série de medidas de afrouxamento
monetário e fiscal, com o intuito de administrar de maneira mais suave uma
desaceleração da economia que se mostra cada vez mais evidente. Esta postura, e
os sinais de fragilidade econômica e financeira, acarretaram uma forte queda
das bolsas locais, além da já comentada depreciação cambial, extremamente
acentuada para os padrões chineses.
Vemos a China como um dos principais riscos ao
cenário econômico e financeiro global. Estamos acompanhando de perto o
desenvolvimento da situação no país. Historicamente, dadas as características
bastante reguladas da economia, o Governo foi sempre capaz e bem-sucedido em
suas empreitadas de manter a economia relativamente estável em momentos de
maior incerteza. As medidas anunciadas até aqui são amplas, mesmo que em
magnitude menor do que no passado recente. Contudo, o contexto externo hoje, de
normalização monetária nas economias desenvolvidas e de uma postura comercial
mais dura do Governo dos EUA, torna o ambiente mais desafiador do que no
passado.
Nos EUA, continuamos a ver um cenário de
crescimento robusto, fechamento do hiato do produto, mercado de trabalho
próximo ao pleno emprego e acúmulo de pressões inflacionárias. Não houve uma
alta mais rápida e acentuada da inflação, o que permite ao Fed seguir de
maneira gradual o seu processo de normalização monetária.
Na Europa, após uma rodada de dados de crescimento
mais baixo, observamos alguma estabilização da atividade em patamares mais
baixos, porém ainda robustos. A inflação segue em uma trajetória gradual e
ascendente. O Banco Central Europeu continua sinalizando para o fim do seu
programa de QE no final deste ano, mas para uma alta de juros apenas após o
meio de 2019. Não há grandes novidades nesta frente.
Alocação/Estratégia:
Juros
- Preferimos estar neutros nas curvas nominais e reais de juros,
pois vemos o risco/retorno como não atrativo. Já não temos mais a convicção de
que os juros ficarão mais baixos por muito tempo, a despeito do cenário de
inflação corrente bastante contida.
Câmbio
- Continuamos sem recomendações estruturais para o mercado de
câmbio. O menor carrego da moeda, o cenário externo mais desafiador e o cenário
eleitoral ainda indefinido deverão manter o câmbio com elevada volatilidade e
em patamares mais depreciados do que o imaginado anteriormente.
Renda
Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros, preferimos estar com posições
neutras (ou em torno da média) no mercado de renda variável. Estamos optando
por fundos com menor “beta” ao mercado e que priorizem ações de valor e/ou com
boa previsibilidade de resultados, como alguns fundos de dividendos.
Fundos
Estruturados - Continuamos com recomendações acima da média para fundos
multimercados. Gostamos de gestores que historicamente conseguem gerar “alpha”
em mercados externos, e/ou que mostrem menor dependência a temas específicos,
como a queda de juros no Brasil.
Fundos
de Investimento no Exterior - Finalmente, acreditamos
que existe espaço para fundos de investimento no exterior com viés neutro ao
“beta” do mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA e etc, nos
quais a escolha do gestor seja um gerador maior de retorno do que a direção do
mercado em si.
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