Política Brasil e Guerra Cambial.
Acho válido voltarmos ao tema das eleições no Brasil após os eventos recentes, comentados aqui ontem pela manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/brasil-mudanca-relevante-na-corrida.html), pelo qual recebi uma série de questionamentos e opiniões distintas.
Primeiro, acho importante deixar claro que não acredito que o cenário de incerteza tenha mudado. Ainda consigo vislumbrar uma série de combinações de candidatos no segundo turno com probabilidades não desprezíveis, o que torna o pano de fundo ainda extremamente incerto e nebuloso.
O meu ponto é que no curto-prazo dado a posição técnica do mercado, e a mudança marginal, ou o delta positivo, da posição do candidato do PSDB, visto como mais ao centro, liberal e reformista, poderia levar a um movimento positivo dos ativos no Brasil.
Existe uma diferença grande entre movimentos de curto-prazo, táticos, e o cenário de longo-prazo, estrutural. Foi isso que tentei mostrar na manhã de ontem. Ainda vejo uma enorme assimetria na inflação implícita na parte intermediária da curva. No curto-prazo, contudo, tenho buscado um portfólio mais neutro após o evento descrito acima, seja com posições em renda variável ou em câmbio, todas via estruturas de opção com perda limitada cujas vol implícitas ainda não eram excessivamente elevadas. Continuo vendo um cenário de incerteza e volatilidade, especialmente quando colocamos tudo isso no contexto de um cenário externo que ainda vejo como desafiador e menos construtivo, em que as posições táticas serão muito importantes, talvez até mais do que as posições estruturais.
No contexto internacional, além da Guerra Comercial, os EUA parecem estar no caminho de uma Guerra Cambial, após declarações forte de Trump e Munchin. Suas declarações levaram a uma forte queda do dólar no mundo nesta sexta-feira. Ao que me parece, Trump está tentando se aproveitar de uma fragilidade econômica e financeira da China para pressiona-los a mesa de negociações e forjar um acordo comercial melhor para a economia dos EUA.
Eu confesso que não tenho grande convicção do dólar no mundo, nem no curto e nem no longo-prazo. A queda do dólar ontem pode ter sido exacerbada por uma posição técnica muita comprada na moeda dos EUA. Contudo, uma coisa eu aprendi nos últimos 16 anos, a despeito de movimentos pontuais, seja por questões técnicas, seja por tentativas de mudanças de tendência via intervenção verbal, nunca costumam ser bem-sucedidas no longo-prazo. No longo-prazo, as moedas sempre convergem para os seus fundamentos, sejam eles quais forem.
A potencial Guerra Cambial adiciona apenas mais um vetor de indefinição de curto-prazo a um cenário externa já desafiador.
Quanto a China, a situação continua dando sinais de fragilidade. Nos últimos dias, vimos uma atuação mais ativa do Governo na tentativa de estabilizar a situação. Precisamos acompanhar de perto os próximos capítulos nesta frente.
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