Relatório Semanal de Asset Allocation:
Cenário
Econômico:
A grande
novidade no cenário local ficou por conta do anúncio do chamado “Centrão” que
irá apoiar Geraldo Alckmin, do PSDB, na corrida presidencial. Este acordo irá
garantir um tempo de TV extremamente relevante para Alckmin, especialmente em
uma campanha curta e com recursos mais limitados. Além disso, o apoio deste
“bloco” também garante uma maior capilaridade a Alckmin em alguns municípios e
regiões aonde estes partidos apresentam presença relevante.
Acreditamos
que este anúncio seja extremamente relevante para a corrida presidencial, pois
irá colocar Alckmin em uma posição mais competitiva que anteriormente, e
possivelmente melhor do que alguns de seus principais concorrentes. Entendemos
que isso não será visto nas pesquisas eleitorais no curto-prazo, mas certamente
após iniciada a campanha propriamente dita. Acreditamos que exista espaço para
os ativos locais apresentarem desempenho relativo e absoluto positivo no
curto-prazo, pois vemos a posição técnica do mercado como próxima de neutra
tendendo levemente para a ponta negativa (fundos e tesourarias com viés
negativos Brasil, na média).
De
qualquer maneira, a incerteza eleitoral permanecerá. Este movimento positivo
pode ser rápido e acentuado, porém não definitivo. Ainda teremos bastante
volatilidade até o dia das eleições.
Vale aqui
um comentário adicional. Depois de tudo o que foi falado sobre a busca pelo
“novo” nas eleições, pelo “outsider”, estamos caminhando para um pouco de “mais
do mesmo”, com coligações meio que esperadas, e candidatos que estão na
política há décadas. Neste ambiente, ainda está pra ser testada a teoria de que
nestas eleições as mídias sociais terão impacto muito relevante, ou mais
relevante do que a campanha clássica via TV, rádio e “corpo a corpo”, ou se a
TV (rádio e afins) ainda terá um impacto mais decisivo. Se este último for
verdade, Alckmin abriu uma vantagem sobre seus concorrentes.
Achamos
importante deixar claro que não acreditamos que o cenário de incerteza tenha
mudado. Ainda conseguimos vislumbrar uma série de combinações de candidatos no
segundo turno das eleições para presidente, com probabilidades não
desprezíveis, o que torna o pano de fundo ainda extremamente incerto e
nebuloso.
O nosso
ponto é que no curto-prazo, dada a posição técnica do mercado, e a mudança
marginal da posição do
candidato do PSDB, visto como mais ao centro, liberal e reformista, poderia
levar a um movimento positivo dos ativos no Brasil.
Existe
uma diferença grande entre movimentos de curto-prazo, táticos, e o cenário de
longo-prazo, estrutural. Foi isso que tentamos mostrar acima. Continuamos a ver
um cenário de incerteza e volatilidade, especialmente quando colocamos tudo
isso no contexto de um cenário externo que ainda se mostra como desafiador e
menos construtivo, em que as posições táticas serão muito importantes, talvez
até mais do que as posições estruturais.
No contexto
internacional, além da Guerra Comercial, os EUA parecem estar no caminho de uma
Guerra Cambial, após declarações fortes de Trump e Mnuchin. Suas declarações
levaram a uma forte queda do dólar no mundo nesta sexta-feira passada. Ao que
nos parece, Trump está tentando se aproveitar de uma fragilidade econômica e
financeira da China para pressioná-los à mesa de negociações e forjar um acordo
comercial melhor para a economia dos EUA.
A potencial
Guerra Cambial adiciona apenas mais um vetor de indefinição de curto-prazo a um
cenário externo já desafiador.
Quanto a
China, a situação continua mostrando sinais de fragilidade. Nos últimos dias,
vimos uma atuação mais ativa do Governo na tentativa de estabilizar o cenário.
Precisamos acompanhar de perto os próximos capítulos nesta frente, pois
qualquer mudança estrutural do cenário chinês poderá ter repercussões grandes
nos mercados financeiros globais.
Diante
de todo o exposto, optamos por não alterar nossas recomendações mais neutras
para os portfólios que visam o longo-prazo, buscando o ganho de alpha em
posições ou alocações mais específicas.
Alocação/Estratégia:
Juros
- Preferimos estar neutros nas curvas nominais e reais de juros,
pois vemos o risco/retorno como não atrativo. Já não temos mais a convicção de
que os juros ficarão mais baixos por muito tempo, a despeito do cenário de
inflação corrente bastante contida.
Câmbio
- Continuamos sem recomendações estruturais para o mercado de
câmbio. O menor carrego da moeda, o cenário externo mais desafiador e o cenário
eleitoral ainda indefinido deverão manter o câmbio com elevada volatilidade e
em patamares mais depreciados do que o imaginado anteriormente.
Renda
Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros, preferimos estar com posições
neutras (ou em torno da média) no mercado de renda variável. Estamos optando
por fundos com menor “beta” ao mercado e que priorizem ações de valor e/ou com
boa previsibilidade de resultados, como alguns fundos de dividendos.
Fundos
Estruturados - Continuamos com recomendações acima da média para fundos
multimercados. Gostamos de gestores que historicamente conseguem gerar “alpha”
em mercados externos, e/ou que mostrem menor dependência a temas específicos,
como a queda de juros no Brasil.
Fundos
de Investimento no Exterior - Finalmente, acreditamos
que existe espaço para fundos de investimento no exterior com viés neutro ao
“beta” do mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA e etc, nos
quais a escolha do gestor seja um gerador maior de retorno do que a direção do
mercado em si.
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