Risk-On!
O dia foi de reversão do movimento negativo observado nas
commodities na terça-feira, com o petróleo (+4,8%) liderando um movimento de
recuperação nas commodities metálicas não preciosas. O dia foi de poucas
novidades para o cenário econômico global. Confesso que ainda vejo o movimento
das últimas semanas como um grande ajuste de posições do mercado. Ainda não
observei sinais consistentes de recuperação da economia global (ex-EUA), que
justifique alterar consideravelmente o cenário para a economia mundial.
Destaque para o movimento de enfraquecimento do dólar no mundo, especialmente
contra as moedas EM e dependentes de commodities.
Eu vejo a reunião do FOMC na semana que vem como um potencial risco
para estes movimentos de curto-prazo. Vejo espaço para uma nova rodada de
reprecificação de alta de juros na curva curta norte americana e,
consequentemente, do dólar no mundo.
No Brasil, um IPCA em fevereiro abaixo das expectativas (detalhes
abaixo), aliado a rumores de um potencial corte de juros por parte do Copom em
algum momento deste ano, ajudaram a um forte movimento de fechamento de taxas
de juros na curva nominal. A curva de juros reais apresentou desempenho
relativo pior, com queda das inflações implícitas. O fluxo para o mercado de
renda fixa acabou ajudando a mais um dia de forte apreciação do BRL.
O fluxo cambial divulgado pelo BCB para janeiro apresentou forte
saída de recursos, da ordem de US$9bi. Por hora, o mercado está digerindo
excepcionalmente bem este fluxo, especialmente com o aumento da perspectiva de
uma mudança política no país.
Em relação ao IPCA, segundo nossa área econômica, na margem, houve uma melhora no qualitativo
da inflação em termos de composição. Mais inflação de bens e menos inflação de
serviços (no dessaz) – um segmento grosso modo compensando o outro. A boa
notícia é que a inflação de serviços é mais persistente que a inflação de bens
e em um momento de ventos favoráveis (se inflação importada nos próximos meses
vier melhor, isto é, queda do CRB em R$), abre-se espaço para uma desaceleração
mais rápida do IPCA. Por outro lado, ainda temos poucos dados para dizer que
essa desaceleração da inflação de serviços (dessaz) para algo próximo de 6,5% é
consistente (além do próprio ruído do algoritmo de ajuste sazonal). Há fatores
que ainda podem ajudar a inflação de serviços como a ampliação da capacidade
ociosa do mercado de trabalho. Em bens, há ainda uma dúvida a respeito do
quanto pode desacelerar o segmento tendo em vista a margens apertadas de empresas,
as expectativas de inflação ainda elevadas e o nível de difusão ainda bastante
elevado; No net, alteramos ligeiramente a nossa cabeça de inflação para o ano
(é mais adicionar a surpresa mensal de inflação no nosso cenário), para algo
como 7,5% para ano. No entanto, a dinâmica recente de serviços pode ser uma
fonte de surpresa para baixo na nossa projeção.
Mantemos um portfólio aplicado na parte intermediária da curva
nominal de juros, reduzindo parte da carteira após o movimento recente, em
conjunto com posições compradas em NTNBs longas, e IDIs que buscam se apropriar
a quedas de juros no segundo semestre deste ano. Gostamos de manter uma posição
vendida em BRL como hedge do portfólio de renda fixa. No cenário externo,
continuamos recomendando posições vendidas em EUR e começamos a acumular
posições vendidas em AUD com o spot ao redor de 0,75. Estamos comprados em
proteção de S&P nos atuais níveis.
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