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A grande surpresa de uma possível delação premiada de Delcídio do Amaral, divulgada ontem, parece já ter ficado em passado distante, diante dos desdobramentos de uma nova fase da Operação Lava-Jato hoje pela manhã. Desta vez, a PF e o MPF estão mirando o ex-presidente Lula, e pessoas em seu entorno, entre esposa, filhos, e conselheiros próximos.

Os eventos recentes mostram que deveremos observar uma aceleração dos processos em andamento, leia-se, a possibilidade de novas delações premiadas, novos personagens sendo levados ao centro da crise, além de um embate mais intenso no Congresso (e nas ruas) entre os favoráveis ao impeachment, e os defensores do governo.

Não há dúvidas de que a probabilidade de um impeachment (ou cassação) tenha se elevado consideravelmente nos últimos dias, e os ativos locais reagiram de acordo. Vale lembrar, contudo, que, por hora, não há ainda provas concretas de que a campanha de Dilma em 2014 foi financiada com recursos ilícitos, e nem que presidente tenha participado de qualquer tipo de ato ilícito. Podemos dizer que as investigações estão se aproximando deste ato, mas até o momento só veio à tona o financiamento de campanhas anteriores a 2014. Assim, por hora, as investigações parecem estar centradas no ex-presidente Lula.

A reação de Lula e do PT é esperada. Ambos partiram para o ataque a mídia e a PF. Lula foi para o “tudo ou nada”, o PT irá radicalizar. Agora, será fundamental observar a voz das ruas. É indispensável a pressão sobre a oposição em prol de mudanças concretas no âmbito político. Será importante que a “operação midiática” (usando um termo utilizando por Lula e pelo PT) de hoje tenha conclusões concretas, com provas contundentes. Caso contrário, Lula sairá fortalecido deste evento.

O BCB não aceitou todas as propostas de rolagem de swap cambial, que vinha sendo feito integralmente até o câmbio testar patamares abaixo de 3,70 hoje. O BCB parece confortável em reduzir seu estoque de swap neste patamar. A postura do BCB lembra ao mercado que existem ainda mais de US$100bi para serem “desfeitos” caso o cenário se torne mais positivo, e os fluxos idem.

A produção industrial de janeiro ficou acima das expectativas do mercado, mostrando alguma estabilização da economia. Por hora, contudo, me parece cedo para cantar vitória no tocante ao crescimento do país.

Nos EUA os dados de emprego apresentaram alguns sinais positivos, mas outros nem tantos. De uma maneira resumida, podemos dizer que mantido este cenário, existe a chance do Fed manter sua posição de alta gradual das taxas de juros no país, o que não me parece totalmente precificado na curva de juros e nem no mercado de moedas.

Na China, vemos um movimento de normalização de humor, muito embasado na esperança que uma postura mais agressiva do PBoC, e a expectativa de um pacote fiscal mais arrojado irá ajudar a economia a superar os obstáculos que hore se impõem ao cenário. Sou cético em relação a essas esperanças, mas entendo que o mercado havia ficado excessivamente negativo e estamos diante de um ajuste de posições.


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