O mercado ainda é estruturalmente UW Brasil.
A semana foi de poucas novidades relevantes no cenário econômico local e externo. Vale a pena destacar, contudo, um movimento de leve fortalecimento dólar no mundo que teve inicio, de maneira incipiente, no final da semana passada. Podemos estar diante dos primeiros sinais de que o dólar possa ter feito um piso de curto-prazo.
Existe uma teoria, que ganhou muito corpo no mercado de FX nas última semanas, que teria havido um acordo tácito, nos bastidores de Davos, para evitar movimentos que levassem a mais uma rodada de apreciação, rápida e acentuada, do dólar no mundo, o que poderia acarretar uma “maxi desvalorização” do CNY. Assim, ECB, BoJ, PBoC e, principalmente, o Fed, teriam agido de forma a estabilizar as condições financeiras globais. Os movimentos recentes dos bancos centrais e, consequentemente, do mercado global de FX acabam dando ainda mais corpo a está teoria. Contudo, em um ambiente de fechamento do hiato do produto nos EUA, com as expectativas de inflação mostrando, no mínimo, estabilização (vide Michigan Confidence divulgado na sexta-feira passada) me parece que este equilíbrio seja bastante instável. Assim, mantido o cenário atual, acredito que será inevitável, mais cedo ou mais tarde, o retorno da tendência de fortalecimento do dólar no mundo. Resta saber, todavia, se este movimento será coordenado, ou trará ruptura, como observamos no início deste ano.
Brasil – Após passar dois dias em SP na semana passada, visitando clientes institucionais, passei o dia em BH, visitando esta mesma classe de investidores. Os feedbacks são os mesmos que tenho passado neste fórum há meses. A alocação destes investidores a renda variável é hoje mínima, apenas uma fração do que já foi no passado recente. A conclusão, assim, é a mesma já sinalizada aqui: Existe um “caminhão” de fluxo para renda variável e títulos longos de renda fixa caso o cenário político consiga ter um desfecho positivo nos próximos meses.
O BCB não colocou todo o swap reverso ofertado na sexta-feira, mas anunciou uma nova colocação para amanhã. A estratégia do BCB me parece cada vez mais clara: Trazer alguns incerteza ao mercado, porém evitar uma apreciação indesejada da moeda. Acredito que passaremos por um período de “queda de braço” entre fluxos positivos para o país, mas um cenário externo favorável ao dólar em conjunto com uma compra líquida pelo BCB. Gosto de posições short BRL como hedge para posições em juros longos e renda variável.
Reitero minha visão das últimas semanas: Acredito que estamos caminhando a passos largos para um desfecho político no Brasil. Entendo a visão mais negativa de alguns economistas, de que o país apresenta problemas estruturais graves, que precisarão ser equacionados a longo-prazo. As soluções não serão fáceis. O caminho será tortuoso. Por hora, acredito que um eventual governo Temer tentará, pelo menos, um acórdão para aprovar reformas essenciais ao país. A oposição como um todo não poderá se furtar em apoiar um governo de transição, pois ninguém pretende pegar um país “quebrado” em 2018. Acredito que independente do resultado, teremos um cenário melhor do que o atual. Diversos estudos recentes mostram a importância das expectativas sobre a economia, e como a reação costuma ser rápida e acentuada. Assim, ainda vejo espaço para o bom desempenho dos ativos locais mas, em especial, da parte longa da curva de juros e do mercado de renda variável. Tenho uma visão mais cautelosa para o câmbio, e começo a achar a parte curta da curva de juros em um cenário menos trivial em um eventual novo governo.
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