Brasil: Realização de Lucros.

O dia foi marcado por uma confluência de vetores negativos mesmo que, na minha visão, alguns apenas se mostrando ruídos de curto-prazo, acabaram afetando negativamente os preços dos ativos locais.

Em primeiro lugar, vimos sinais de que o governo estaria sendo bem sucedido em sua estratégia de negociar “no varejo” cargos no atual governo, em troca de apoio contra o impeachment de Dilma. Em um primeiro momento, o governo evitou a desembarque de outros partidos da base aliada após a decisão do PMDB. Na minha visão, este tipo de negociata faz parte do processo, mas não deveria afetar o resultado final do cenário. A pressão popular sobre os parlamentares continua elevadíssima e, a meu ver, precisaremos de fatos novos, muito mais relevantes (uma nova fase da Lava-Jato, por exemplo) para reverter este quadro.

Em segundo lugar, o BCB divulgou um Relatório de Inflação que acabou decepcionando as expectativas daqueles que esperavam um sinal mais claro em torno do início de um processo de queda de juros no país. O RI manteve um tom duro, afirmando que não trabalha com um eventual processo de distensão monetária neste estágio do ciclo. As previsões de IPCA apresentaram elevações não desprezíveis, adiando as perspectivas do começo de um ciclo de queda de taxas de juros.

Finalmente, no julgamento do STF em relação as investigações sobre Lula e os grampos divulgados pelo juiz Sergio Moro, até a divulgação deste relatório, a decisão estava migrando para um cenário mais favorável a tese de Lula, Dilma e do Governo. A decisão apenas esfria as investigações sobre Lula, e podem vir a invalidar os grampos sobre Dilma, mas em nada alteram a questão de que as investigações da Lava-Jato se aproximam cada vez mais de um possível financiamento ilegal das campanhas do PT e, em especial, da campanha de Dilma em 2014.

O dia apresentou uma dinâmica bastante técnica, com o mercado de juros sofrendo pressão altista de taxas, ajudado por uma posição já bastante aplicada dos fundos locais, e pelo RI. O dólar, por sua vez, sofreu os efeitos de uma ptax de fechamento de mês e de trimestre, com um claro sinal de algum investidor relevante deixando vencer uma posição grande de compra de dólar na ptax. As vols de BRL apresentaram forte elevação no final do dia.


Acredito que o dólar perto de 3,55 seja um bom hedge, via estruturas de opção, para posições aplicadas em juros. Acredito que próximo aos 14% seja um bom nível para elevar a exposição aplicada no Jan19.

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