Risk-On!
O discurso de Yellen realizado hoje foi inequivocamente dovish, ao contrário dos receios em
torno de sinais um pouco mais hawkish
oferecidos por alguns membros do Fed nos últimos dias. A postura de Yellen
acabou levando a um forte movimento de otimismo nos ativos de risco, com dólar
fraco e forte alta das bolsas, mesmo que com o petróleo e o cobre ainda
apresentando alguma pressão. Eu confesso que me surpreendi com o tom do
discurso. Fico até com uma “pulga atrás da orelha” se Yellen não está vendo
algum risco maior no cenário, que o resto do mercado não esteja, neste momento,
monitorando de forma adequada.
O mercado ficará cada vez mais sensível aos dados econômicos,
mas fica claro que o Fed pretende ser o mais gradual possível, colocando algum
suporte aos mercados, mesmo que no curtíssimo-prazo. Nos EUA, o Consumer
Confidence de março subiu de 94,0 (revisado de 92,2) para 96,2 pontos, acima
das expectativas de 94 pontos. O número mostra um cenário de solidez do consumo
norte americano, a despeito da fraqueza apresentada pela PIB no primeiro
trimestre do ano.
Nosso economista fez um bom resumo do discurso:
>> Discurso dovish, longe
de sinalizar qualquer movimento de alta nas próximas reuniões;
>> O crescimento
externo parece ser mais fraco este ano do que tinha-se anteriormente e as
expectativas de earnings caiu. Esses desenvolvimentos tenderão da afetar o
crescimento americano;
>> Mas esse
movimento será parcialmente compensado pelo redução das expectativas de mercado
para a Fed Funds Rate (colocando pressão baixista nas taxas longas de juros,
incluindo mortgages). Desse maneira, esses impactos globais sobre a economia americana
serão limitados (ainda que seja uma avaliação sujeita a considerável
incerteza);
>> As estimativas
para a taxa neutra de juros são estimadas próxima de zero;
>> Sobre os headwinds: “Looking beyond the near term, I anticipate
that growth will also be supported by a lessening of some of the headwinds that
continue to restrain the U.S. economy, which include weak foreign activity,
dollar appreciation, a pace of household formation that has not kept up with
population and income growth and so has depressed homebuilding, and
productivity growth that has been running at a slow pace by historical
standards since the end of the recession. If these headwinds gradually fade as
I expect, the neutral federal funds rate will also rise, in which case it will,
all else equal, be appropriate to gradually increase the federal funds rate
more or less in tandem to achieve our dual objectives”>> A Yellen mostrou
uma preocupação maior com as expectativas de inflação: “I continue to expect
that overall PCE inflation for 2016 as a whole will come in well below 2
percent but will then move back to 2 percent over the course of 2017 and 2018,
assuming no further swings in energy prices or the dollar. This projection,
however, depends critically on expectations for future inflation remaining
reasonably well anchored. It is still my judgment that inflation expectations
are well anchored, but as I will shortly discuss, continued low readings for
some indicators of expected inflation do concern me”
>> A Yellen reafirmou que o Fed possui instrumentos para uma
acomodação adicional se necessária: “Even if the federal funds rate were to
return to near zero, the FOMC would still have considerable scope to provide
additional accommodation”
No Brasil, o PMDB oficializou o que já era amplamente esperado,
ou seja, seu afastamento da base de apoio do governo. A medida apenas ratifica
um cenário que já vinha se desenhando há algumas semanas. Os ativos locais
apresentaram mais um dia de bom desempenho, ajudados também pelo ambiente
externo mais favorável.
Os dados de crédito divulgados pelo BCB para fevereiro
mantiveram as tendências que vem sendo regra nos últimos meses. Aumento de
taxas e spreads, redução de concessões e inadimplência em um processo gradual
de elevação.
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