Brasil em Foco.
A situação política no país continua fluida e evoluindo na direção de uma mudança de governo. Na sexta-feira a noite, Gilmar Mendes, Ministro do STF, decidiu por manter em suspensa a nomeação de Lula para Ministro da Casa Civil. Além disso, deixou nas mãos de Sergio Moro as investigações dos casos relacionados ao ex-presidente. A decisão é um duplo golpe as intenções do governo de reanimar a organização política do governo Dilma.
No final de semana, uma nova pesquisa Datafolha mostrou nova queda da popularidade do atual governo, e um apoio crescente da população para o impeachment, nada diferente do que já vinha sendo visto nas manifestações populares, espontâneas, ocorridas nos últimos dias. Este tipo de apoio popular não deveria passar despercebido pela classe político. Por hora, a grande beneficiária do atual cenário está sendo Marina Silva, até o momento “apagada” dos debates políticos de curto-prazo, não envolvida na Operação Lava-Jato, como outros políticos e partidos que até então eram vistos como possíveis beneficiários do atual cenário turbulento.
Pelas contas atuais de alguns especialistas políticos, o governo já não tem os votos necessários para barrar o impeachment.
Acredito que estamos caminhando a passos largos para um desfecho político no Brasil. Entendo a visão mais negativa de alguns economistas, de que o país apresenta problemas estruturais graves, que precisarão ser equacionados a longo-prazo. As soluções não serão fáceis. O caminho será tortuoso. Por hora, acredito que um eventual governo Temer tentará, pelo menos, um acórdão para aprovar reformas essenciais ao país. A oposição como um todo não poderá se furtar em apoiar um governo de transição, pois ninguém pretende pegar um país “quebrado” em 2018. Acredito que independente do resultado, teremos um cenário melhor do que o atual. Diversos estudos recentes mostram a importância das expectativas sobre a economia, e como a reação costuma ser rápida e acentuada. Assim, ainda vejo espaço para o bom desempenho dos ativos locais mas, em especial, da parte longa da curva de juros e do mercado de renda variável. Tenho uma visão mais cautelosa para o câmbio, e começo a achar a parte curta da curva de juros em um cenário menos trivial em um eventual novo governo.
A decisão do BCB em cotar swaps reversos de cambio no final da sexta-feira mostra disposição em reduzir o estoque de swaps mas, em especial, desconforto com o atual patamar do câmbio. Um BRL mais depreciado, porém com menos volatilidade, ainda é importante para o ajuste da economia. Acredito que podemos ter alguns overshoot da moeda, mas vejo espaço para um câmbio mais depreciado no país a longo-prazo.
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