Petróleo
A semana passada marcou a confirmação da queda no preço do petróleo como canal condutor de um movimento de “risk-off” mais acentuado e correlacionado ao redor do mundo. As posições mais consensuais do mercado, como Long Credit, Long DM Equities, Long USD, Short US Bonds, foram às classes de ativos mais afetadas pelo movimento no preço do petróleo e pelo ajuste de posições verificado ao longo da semana. O período de final de ano, onde a liquidez é naturalmente mais reduzida e a propensão a tomar risco é menor, acabou acentuando o movimento.
Como venho comentando neste fórum há algumas semanas, ainda não vejo motivos para alterar o cenário de longo-prazo para a economia global e os mercados financeiros mundiais. Contudo, existia um senso de leniência por parte dos ativos de risco que precisava ser ajustado frente ao acumulo de riscos ao cenário de curto-prazo (petróleo, Rússia, menor crescimento na China, possível alta de juros nos EUA entre outros). Acredito que estamos no meio deste processo de ajuste de preço e posições. Neste momento, fica difícil saber em que fase do ajuste nos encontramos.
Tendo a acreditar que os próximos movimentos no preço do petróleo serão determinantes para medirmos o espaço adicional que esta correção das posições consensuais acabará atingindo. Ainda vejo a Rússia com o principal risco e o mais importante vazo comunicante que poderia acabar transformando este momento em um cenário muito mais negativo, levando a uma crise nos países produtores de petróleo e commodities, e a um movimento de “risk-off” ainda mais acentuado e generalizado. Não há nenhum sinal de estabilização das condições financeiras na Rússia. Os ativos locais estão sobre forte pressão, nos piores níveis de vários anos. Por hora, o CBR tem sido incapaz de frear o este movimento.
Vejo alguns vetores que poderiam inverter ou, pelo menos, suavizar o movimento de deterioração dos ativos de risco ao redor do mundo. Uma estabilização natural do preço do petróleo, uma postura mais agressiva e proativa do PBoC na China, com anuncio de um pacote mais amplo de suporte a economia, um comunicado do Fed mais brando do que o esperado, dando maior peso a queda nas expectativas de inflação e não alterando consideravelmente o comunicado após a decisão do FOMC desta semana.
No final de semana no Japão o partido do atual Primeiro Ministro Abe parece ter saído vitorioso das eleições parlamentares, o que dará um ímpeto novo ao programa de estímulo econômico que está sendo promovido no país. Nos EUA, o Congresso aprovou um orçamento de $1.1tri, retirando um risco remoto do cenário de curto-prazo e evitando uma nova batalha política no país.
Brasil – Acredito que o cenário externo, com forte queda no preço das commodities, seja desinflacionario para o país. Com a ajuda de uma política fiscal mais restritiva, deveria tirar uma grande parte do peso do ajuste das condições monetárias de cima do BCB. Um ajuste da TJLP caminha nesta mesma direção. Na semana passada já foram emitidos sinais de que o ajuste fiscal ficará em torno de R$50b, com um contingenciamento de mais R$50b no ano que vem, somando um total de R$100b de ajuste fiscal para 2015. Acredito que o BCB não precisará promover um ciclo adicional de alta de juros muito mais agressivo do que aquele já efetuado. Vejo um premio de risco excessivo na curva local de juros. Entendo que o movimento de depreciação do BRL poderá pesar contra está visão. No atual estágio dos mercados financeiros globais, acredito que o cenário base seja do BCB estender o programa de swap cambial, reduzindo seu montante para a venda de USD$100mm por dia, e pilotando as rolagens de acordo com os movimentos de curto-prazo da moeda local. Caso vejamos uma estabilização maior da moeda nos próximos dias, não podemos descartar o encerramento do programa diário de swaps, com o BCB se reservando o direito de agir discricionariamente caso necessário.
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