Desinflação na China
Os ativos de risco estão passando por um período claro de ajustes de posições. O price-action dos mercados ontem demonstrou que as posições consensuais dos últimos meses começaram a mostrar desempenho pífio, causando movimentos mais acentuados e descorrelacionados em todas as classes de ativos ao redor do mundo. Como comentei neste fórum onte, “os riscos e ruídos de curto-prazo para os mercados financeiros globais estão se acumulando. Em um período de final de ano, onde a liquidez é escassa, e a propensão a tomar risco naturalmente menor do que no resto do ano, o aumento da incerteza está levando a um movimento de perda de correlação dos ativos e claro movimento de redução ou zeragem de posições.”
Ratifico minha visão de que “não há mudança substancial de cenário que justifique uma alteração drástica das tendências que vinham se desenhando já há alguns meses (USD forte, abertura de taxa de juros nos EUA, queda no preço das commodities, entre outras). Contudo, alguns riscos de curto-prazo não podem ser ignorados, assim como a posição técnica ruim de algumas classes de ativos. Neste ambiente, recomendo uma cautela maior no portfólio, seja via posições menores, ou através da busca de hedges baratos (na manhã de ontem adicionei puts de S&P a posição comprada em USD que carrego a alguns meses juntamente com posições tomadas em juros americanos).”
China – Os dados de inflação no país mostraram um cenário de queda nos índices de preço, com o CPI saindo de 1.6% YoY para 1.4% YoY e o PPI caindo de -2.2% YoY para -2.7% YoY, ambos bem abaixo das expectativas de, respectivamente, 1.6% YoY e -2.4% YoY. A queda no preço das commodities, e do petróleo, em especial, é um dos principais responsáveis pelo arrefecimento da inflação no país. Além disso, o excesso de capacidade produtiva no país desenvolvido ao longo dos últimos anos também tem sido um vetor contrassionista no tocante a inflação. O número abre espaço para que o governo atue de maneira mais agressiva na condução de sua política monetária. Uma nova queda de juros ou corte de compulsório são medidas que já estão sendo esperadas pelo mercado nas próximas semanas.
Brasil – O discurso de Tombini no Congresso ontem manteve as sinalizações que já vinham sendo emitidas nas últimas semanas. No que diz respeito aos swaps cambiais, o BCB parece confortável com o estoque atual, mas mostra que existe um desejo em reduzir ou encerrar as novas colocações, o timing que ainda parece duvidoso vis-à-vis os desafios externos. No que se refere a política monetária, o BCB conta com efeitos defasados dos ajustes já promovidos e de uma política fiscal mais restritiva para que o ciclo de alta adicional da taxa Selic não tenha que ser muito maior do que aquele já promovido.
EUA – O JOLTS Job Openings divulgado ontem confirmou aquilo que o Payroll já havia demonstrado na sexta-feira passada, ou seja, um mercado de trabalho robusto e em franca recuperação. O próximo grande evento na agenda no país ficará por conta da reunião do FOMC na semana que vem. Com a recente recuperação do crescimento e do mercado de trabalho, ficará cada vez mais difícil o Fed justificar um comunicado muito dovish. Assim, espero que a mensagem de gradualismo na condução da política monetária ainda seja utilizada por um longo período de tempo, mas ajuste na sinalização do timing para o começo de um processo de alta de juros precisa ser atualizado, o que deve ser feito na reunião do FOMC da semana que vem.
Europa – A produção industrial da França apresentou forte e inesperada queda de 0,8% MoM em outubro, contra expectativas de alta de 0.2% MoM. O numero mostra um quadro de crescimento pífio. Este ambiente deverá manter a pressão sobre o ECB para que novas medidas de suporte ao crescimento sejam executadas nos próximos meses.
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