Perda de correlação
A segunda-feira foi de price-action interessante, com uma clara perda de correlação entre as classes de ativos. O dia foi de queda nas bolsas (EM e DM), alta acentuada e generalizada no preço das commodities e abertura de taxa de juros nos EUA.
Brasil – No Brasil, o BRL apresentou apreciação relevante, seguindo o anuncio de rolagem cambial por parte do BCB, em uma clara sinalização que a instituição não pretende abandonar o programa de swaps cambias no curto-prazo. Acredito que o BRL deverá seguir mais de perto o humor global em torno do USD caso este governo adote postura realmente ortodoxa. O mercado de juros, contudo, apresentou forte abertura de taxas, ajudado por uma posição técnica ruim, por economistas respeitados falando na possibilidade de Selic a 13% e por um ambiente externo desafiador, com Rússia sobre pressão e abertura de taxa de juros nos EUA. Ainda vejo as taxas longas como boa oportunidade de investimento, mas confesso que estou mais cauteloso com os últimos desdobramentos na Rússia. Na bolsa, o dia foi de capitulação. Com o externo fragilizado e rumores em torno da possibilidade de nova taxação sobre dividendos acabaram pressionando o mercado local. Ratifico que a escolha do portfólio será cada vez mais relevante na geração de alpha em bolsa Brasil.
EUA – A despeito dos recentes sinais de acomodação do crescimento no país, o ISM Manufacturing se manteve em patamar alto e saudável em novembro, afastando o risco de uma desaceleração mais acentuada da economia no curto-prazo. Além disso, Fed Dudley, um centrista, por vezes considerado porta voz de Yellen, se mostrou confiante na recuperação do crescimento americano. Segundo ele, a queda no preço do petróleo é positiva para o país e não vê riscos maiores no que diz respeito às expectativas de inflação. Dudley classificou-as como ancoradas. Assim, o Fed se mostra disposto a manter seu “plano de voo”, mesmo diante dos recentes ruídos externos. A despeito de ajustes pontuais de posições, continuo vendo o USD como grande beneficiário deste processo.
Rússia – Os ativos do país se mostram sobre forte pressão. O governo parece incapaz de estabilizar a situação. Ao que meparece, apenas uma estabilização mais duradoura no preço do petróleo será capaz de evitar uma nova rodada de deterioração dos ativos russos. Devido ao tamanho da economia russa, e de seu mercado financeiro relevante para os investidores externo, não podemos descartar que novos ataques especulativos ao país acabem gerando contágio aos demais mercados globais.
Europa – Todas as atenções estão voltadas para a decisão do ECB na quinta-feira. Caso Draghi falhe em entregar medidas adicionais de estimulo ao crescimento, teremos mais um vetor negativo para os ativos de risco digerirem. Acredito que as expectativas em torno de um novo anuncio esta semana estejam girando em torno de 50%.
China – A despeito da forte alta no preço das commodities hoje, no que me pareceu ser um movimento de “short covering”, a situação econômica do país ainda requer cuidados. Não há sinais claros e consistentes de estabilização do crescimento local. Novas medidas de estímulo podem ser colocadas em vigor nos próximos dias, o que deve ser visto como positivo. Contudo, após o corte de juros anunciado na semana passada, é natural o governo esperar para ter uma noção melhor dos reais efeitos sobre a economia.
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