Rússia
Mesmo após uma medida ortodoxa e agressiva por parte do CBR na Rússia, que elevou os juros em 650bps para 17% na tentativa de conter a escalada de depreciação do RUB, os mercados no país continuam mostrando sinais de fragilidade. Após uma abertura positiva, o RUB já deprecia 3% neste momento, com a bolsa caindo 12% e os juros de 1 anos abrindo 250bps para 18.5%. A queda de 2% no preço do petróleo essa manhã, operando próximo aos $54, está ajudando a manter o humor global a risco em estado de alerta.
Estamos chegando em um ponto em que a queda no petróleo está induzindo uma pressão mais agressiva nas demais commodities, e levando a um cenário ainda mais negativo para os ativos de risco. Os primeiros sinais de stress começaram a surgir no mercado de crédito corporativo. Agora, já vemos sinais de fragilidade no mercado de dívida soberana nos países EM e produtores de commodities (CDS 5yrs de Brasil opera a 250bps!) e já afeta o mercado de equities globais de maneira mais incisiva nos últimos dias.
Acho complicado tentar, neste momento, acertar até onde este cenário de “risk-off” possa acabar chegando. Vejo algumas medidas que poderiam conter está escalada negativa. A atuação do CBR na Rússia é uma delas mas, pelo visto, ainda insuficiente. Uma postura mais agressiva e proativa do PBoC na China, com corte de juros e compulsório, também seria bem vinda, assim como uma postura mais cautelosa por parte do Fed na reunião do FOMC desta semana. A confirmação do QE na Europa parece cada vez mais urgente.
Brasil – Em um cenário interno de enorme incerteza, derivada dos desdobramentos da Operação Lava-Jato, e em um ambiente externo extremamente desafiador, os ativos locais estão passando por um período de extrema pressão. Os jornais continuam afirmando que o pacote de ajuste fiscal pode ser anunciado em breve. Contudo, o cenário externo deve acabar ditando a dinâmica local nos próximos dias. Ontem, o IBC-Br mostrou uma inesperada queda em novembro, confirmando um crescimento pífio para o país, sem qualquer perspectiva de recuperação no horizonte relevante de tempo.
China – o HSBC Flash PMI caiu de 50 para 49.5 pontos, abaixo das expectativas de 49.8 pontos. O numero confirma um cenário de fragilidade do crescimento. A economia aparenta enorme dificuldade em se estabilizar, mesmo frente as medidas colocadas em prática pelo governo ao longo dos últimos meses. Novas medidas de suporte ao crescimento já são esperadas pelo mercado e devem ser anunciadas em breve. O menor crescimento estrutural do país parece cada vez mais evidente e o mercado continua a precificar isso através da pressão no preço das commodities e de todos os ativos dos países dependentes da demanda chinesa.
Europa – O Markit Composite PMI subiu de 51.1 para 51.7 pontos em dezembro, acima das expectativas do mercado de 51.5 pontos. O numero mostra o primeiro sinal de estabilização da economia da região, mas em patamar ainda extremamente baixo. A pressão para uma atuação mais firme por parte do ECB deverá continuar intensa no atual estágio do ciclo econômico global.
EUA – Os dados de atividade no país continuam mostrando uma economia saudável e robusta, mesmo frente aos ruídos externos. Perante os últimos acontecimentos ao redor do mundo, será interessante observar qual será a postura que o Fed irá adotar na reunião do FOMC desta semana.
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