Feliz 2015!

Este será o último “Mercados Globais” deste ano. Desejo a todos um excelente 2015! Espero poder contar com a paciência de vocês, assim como as sempre válidas trocas de visões e ideias, especialmente quando são divergentes e contrárias àquelas apresentadas neste fórum. A troca de informação faz parte de um processo construtivo de elaboração de cenários e, muitas vezes, desses nossos “bate papos” surgem novas percepções, novos ângulos de análises e um melhor entendimento do cenário econômico global. Agradeço a todos por essa interação. Que 2015 nos reserve um ambiente de menor incerteza, maior previsibilidade e com tendências mais claras nos ativos de risco.

EUA - O Fed ontem atuou dentro do script que já vinha se desenhando há algum tempo. Apesar do comunicado, e das revisões nos dots, terem sido mais dovish do que as expectativas, a coletiva de imprensa de Yellen tratou de afastar esta percepção. Especialmente por Yellen sinalizar que “patient” é sinomino de “a couple of meetings”, ou seja, uma alta de juros a partir do segundo trimestre de 2015 ainda está totalmente dentro dos cenários possíveis. Yellen acabou dando um pequeno “play down” na queda das expectativas de inflação, assim como nos eventos na Rússia. A visão dominante dentro do núcleo duro do Fed, como já havia sinalizado Fisher e Dudley, é de que a queda no preço do petróleo é um vetor positivo para a economia no curto-prazo. Conclusão: A despeito dos recentes ruídos na Rússia e no Petróleo, o “plano de voo” do Fed será mantido enquanto os sinais de recuperação do crescimento e do mercado de trabalho continuarem válidos. O processo de normalização monetária deve ser gradual, mas apenas uma mudança substancial de cenário interno parece capaz de alterar a postura do Fed.

Brasil – O pacote de ajuste fiscal ainda é esperado para algum momento dos próximos dias. Enquanto isso, o peso dos ajustes continua recaindo sobre o BCB. Em artigo da Folha de hoje, O BCB mostra arrependimento com a “parcimônia” utilizada no comunicado e na Ata do Copom. Assim, o cenário base passa a ser de uma alta de 50bps na próxima reunia. A curva de juros continua precificando um risco de alta de 75bps-100bps na próxima reunião do Copom. Enquanto isso, os ativos locais vêm seguindo o humor global a risco. Dado os frágeis fundamentos econômicos do país, temos seguido de perto os desenvolvimentos na Rússia, mesmo que existam características totalmente diferentes entre as duas economias. Tendo a acreditar que este cenário deva prevalecer no curto-prazo.

Europa – Membros do ECB voltaram a sinalizar que um QE mais amplo e agressivo ainda é o cenário base a ser adotado nos próximos meses. A questão não é “se” será colocado em pratica, mas “quando” e “como”.

Mercados -  O atual momento está sendo marcado por uma baixa liquidez dos ativos de risco, o que acaba acarretando uma maior volatilidade dos mercados. O período de final de ano, além disso, já é naturalmente de pouco apetite a risco por parte dos investidores. Assim, vejo o momento atual como um período de ajuste de posições, onde nem sempre os fundamentos se conversam com o “price-action” dos mercados. O atual momento é muito mais técnico do que fundamento. Passado este período de ajustes, acredito que os poderemos voltar a ter uma leitura mais clara das próximas tendências de mercado. Na minha visão, as moedas USDEM ficaram um pouco esticadas no curto-prazo e podem passar por um período de acomodação, a despeito da tendência de USD forte ainda ser um processo de longo-prazo. Vejo espaço para novas rodadas de valorização do USD contra as moedas de G10 (EUR, JPY e AUD e etc). Acredito que os mercados globais de equities podem voltar a mostrar bom desempenho, em especial Europa e Japão. Ruídos de curto-prazo como as eleições na Grécia, podem trazer volatilidade, mas devem se manter localizados e pontuais. Já vejo bastante prêmio na curva de juros de Brasil, especialmente na barriga da curva. Caso o anuncio fiscal se confirme, e uma alta na TJLP seja anunciada, um peso grande será retirado das costas do BCB. As taxas de juros nos EUA deveriam passar por um processo de abertura gradual de taxas, mas acredito que seja melhor se posicionar nesta direção através de plays relativos de moedas do que nas taxas propriamente ditas.

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