Feliz Ano Novo!
A despeito de eu ainda estar ausente do dia-a-dia dos mercados até a primeira semana de janeiro de 2015, acho válido fazer um breve resumo dos últimos eventos. De maneira antecipada, desejo a todos um Feliz Ano Novo!
A narrativa do cenário econômico mundial não mostrou grandes alterações na última semana e, exceto por alguma novidade muito relevante no horizonte, dificilmente irá se alterar até a primeira semana de janeiro. Neste ambiente, os mercados financeiros globais seguem com baixa liquidez e sem uma direção clara, exceto pela continuidade de algumas tendências que vigoraram durante todo o ano de 2014, como o USD forte e o bom desempenho das bolsas dos países desenvolvidos, em especial nos EUA.
Brasil – A crise na Petrobras e as dificuldades políticas de Dilma na montagem de seu novo ministério são dos destaques dos últimos dias. Ainda parece cedo para termos uma noção concreta do real impacto da Operação Lava-Jato sobre o cenário econômico local, mas parece certo que tende a reduzir investimentos e afetar ainda mais o crescimento do país, com o setor de “Óleo e Gás”, e toda a cadeia produtiva de petróleo e construção civil, sendo afetadas pelas investigações. Do ponto de vista político, Dilma parece cada vez mais isolada, o que pode acabar trazendo consequências devastadoras para seu segundo mandato no decorrer do tempo. No que tange a economia, Joaquim Levy continua emitindo sinais positivos, mas a situação do país demanda agilidade e medidas concretas. Levy parece estar tendo enormes dificuldades em montar um quadro de assessores técnicos para dar-lhe suporte nesta empreitada. Enquanto isso, as previsões de crescimento para 2015 seguem em queda e as expectativas de inflação sobem a cada nova semana, com reajustes administrados surgindo como os principais componentes da inflação nesta virada de ano.
EUA – A despeito dos sinais incipientes, mas esperados, de arrefecimento da economia neste último trimestre do ano, o crescimento do país segue robusto, com o PIB do 3Q tendo sido revisado para surpreendentes 5% anualizados. O mercado de trabalho continua em ebulição, como mostra o Jobless Claims rodando abaixo de 300k e as expectativas já elevadas para o Payroll de dezembro. Mesmo com este pano de fundo, a inflação ainda se mostra contida, o que garante espaço para o Fed manter uma postura gradualista na condução de sua política monetária. Se o cenário se mantiver como o atual nos próximos meses, podemos esperar que o Fed inicie um processo gradual de alta de juros em algum momento entre o segundo e terceiro trimestre de 2015.
Europa – A região continua sendo assolada por um baixo crescimento e inflação cadente, que deve ser ainda afetada pela recente queda no preço do petróleo. Neste ambiente, parece uma questão de “quando” e “como” será anunciado um programa mais agressivo de QE por parte do ECB. Na Grécia, após tentativas frustradas de eleger um novo presidente, o país terá eleições antecipadas para o final de janeiro ou começo de fevereiro. O partido radical Syriza continua na liderança das pesquisas, mas com margem muito menor do que a algumas semanas atrás. A situação política do país requer cautela e atenção, já que um governo liderado pelo Syriza, caso consiga uma coalizão ampla, pode acabar trazer ruídos poucos triviais ao cenário econômico local.
Rússia – As medidas anunciadas pelo governo a cerca de duas semanas atrás, iniciadas com um “choque de juros”, foram capazes, neste momento, de estabilização o RUB. Contudo, a situação ainda parece frágil e demanda cautela. Caso o petróleo volte a mostrar trajetória descendente, o país ainda se encontra em situação extremamente fragilizada para lidar com está questão. Não é a toa que a volatilidade da moeda continua elevada, como movimentos diários entre 3% e 10%. A estabilização da situação econômica passa, necessariamente, pela queda da volatilidade da moeda e das incertezas referentes a melhor postura a ser adotada pelo Governo local. Uma postura mais branda no tocante a situação geopolítica na Ucrânia seria um caminho mais fácil a ser trilhado, o que Putin tem evitado até o momento.
China – O governo do país continua anunciando medidas pontuais e localizadas de suporte ao crescimento. Contudo, infelizmente, vem mirando a mesma postura utilizada nos anos anteriores, ou seja, liberando mais crédito a fim de evitar uma nova espiral de desaceleração da economia. Por hora, ainda não há qualquer sinal de estabilização do crescimento, mas as bolsas locais têm reagido positivamente. Os próximos meses serão determinantes para medirmos o real estado da economia do país.
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