Risk-off

A quarta-feira foi de “risk-off” generalizado e mais coordenado, após mais uma rodada de queda no preço do petróleo acabar levando a um movimento mais acentuado nas demais classes de ativos, especialmente nas bolsas norte americanas. O MS resumiu bem o que está acontecendo no atual cenário:

Risk-off becomes a topic. Markets have reached a new stage with falling commodity prices denting risk appetite. Investors have become increasingly worried that declining revenues of commodity producers could increase solvency risks within this industry. The US high yield market has lost further ground as bonds issued by the US oil producers have come under renewed selling pressure. Banks with known oil sector exposures are not faring any better. Venezuela, which is one of the most vulnerable oil producers, saw its 5y CDS widening from the 2104bp low on November 21 to nearly 4000bp yesterday. A provocative statement by Saudi Arabia’s oil minister quoted by Bloomberg: “Why should I cut production”, left markets with the impression that oil oversupply may stay in place for some time.

Minha visão continua sendo de que não há motivos, pelo menos por enquanto, para alterar a visão de longo-prazo para a economia mundial e os mercados financeiros globais. A recuperação da economia americana segue intacta, mas o pífio crescimento na Europa e na China são fontes de preocupação. O Japão, por sua vez, mostra sinais de que pode apresentar um crescimento menos negativo nos próximos meses. Dentro deste contexto, o Fed deverá dar prosseguimento a seu processo de normalização monetária, provavelmente alterando seu comunicado já na reunião do FOMC na semana que vem. Por outro lado, os Bancos Centrais de Europa, China e Japão deverão manter uma postura ainda extremamente expansionista por um longo período de tempo. Os mercados emergentes, liderados pela China e pela Rússia, são um importante risco para este final de ano e começo de 2015, e podem acabar se tornando fonte de instabilidade em algum momento dos próximos meses.

Ainda vejo o USD como principal beneficiário do cenário descrito acima. A curva de juros norte americana demanda mais prêmio para esta fase do ciclo de política monetária local. As commodities não deveria alterar sua dinâmica negativa a medida em que o crescimento chinês se confirme sendo estruturalmente mais baixo do que no passado. O mercado de juros locais irá acabar seguindo os fundamentos de cada país, assim como as bolsas devem apresentar diferenciação micro relevantes.

No curto-prazo, contudo, com a posição técnica em alguns destes ativos se mostreando exagerada, em um período de final de ano onde a liquidez acaba sendo mais escassa e a propensão a tomar risco novo por parte dos investidores é naturalmente menor, podemos acabar passando por um período de consolidação e realização de lucros, como vem ocorrendo ao longo desta semana.

A agenda do dia será importante, com a Ata do Copom no Brasil e o Retail Sales nos EUA.

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