Copom & ECB
Na expectativa da decisão do ECB na Europa hoje pela manhã, os ativos
de risco operam próximos a estabilidade, sem movimentações relevantes. As
commodities estão ameaçando uma estabilização pelo segundo dia consecutivo, mas
os sinais de fragilidade ainda são aparentes. O mesmo comentário é válido para
os ativos na Rússia. O RUB está tendo o segundo dia consecutivo de apreciação,
com a bolsa local em alta e os juros apresentando leve fechamento de taxas. A
situação, contudo, está longe de estar normalizada no país e toda cautela ainda
é necessária.
Além da decisão do ECB na Europa, que será o destaque do dia, a agenda
de hoje nos reserva o Jobless Claims nos EUA e os dados da ANFAVEA no Brasil.
Brasil – O Copom decidiu elevar a taxa Selic em 50bps para 11,75%. O comunicado
após a decisão sinaliza que o ciclo adicional de alta deve ser executado com “parcimônia”
tendo em vista “os efeitos defasados dos ajustes já realizados, dentre outros
fatores”. Como o mercado precificava uma probabilidade não desprezível de alta
de 75bps nessa reunião, além de um ciclo adicional de quase 200bps, acredito
que a decisão de ontem, aliada a um comunicado dovish, deve levar a um fechamento entre 20 e 30bps da curva local
de juros. Olhando de hoje, o cenário base me parece ser de mais uma alta de
50bps na próxima reunião e uma alta final de 25bps, levando a Selic a 12,50%. O
comunicado me leva a crer que não há a intenção de acelerar ainda mais o ciclo
de alta, ou seja, altas de 75bps estão descartadas, e que o orçamento para este
ciclo não foi alterado, a despeito de uma alta maior nesta reunião. Assim, o
mercado deveria precificar, para as próximas duas reuniões, altas em torno de
30-35bps e um ciclo adicional entre 75 e 100bps, dando suporte a curva local de
juros. Por fim, o governo aprovou a mudança na LDO após quase 20 horas de
debate no Congresso, tirando mais um obstáculo do caminho para a nomeação de
Joaquim Levy.
Europa – A decisão do ECB será o grande destaque do dia. Ao contrário do que eu
imaginava, pesquisas recentes mostram que o mercado tem poucas expectativas
para o anuncio de um QE soberano já nesta reunião. Os investidores esperam um
discurso dovish, onde Draghi irá sinalizar,
com clareza, que o QE soberano está mais perto e deverá ser executado no começo
do ano que vem. Não podemos descartar o anuncio de um QE para dívida
corporativa. A despeito das baixas expectativas, a posição técnica no mercado
local de bonds, equities e FX podem trazer volatilidade pontual aos mercados locais
no entorno da decisão e do discurso de Draghi hoje.
Japão – As pesquisas eleitorais recentes mostram que o partido governista está
com ampla maioria nas intenções de voto para as eleições parlamentares que
serão realizadas no país. Este cenário é extremamente positivo para Abe e Cia,
o que está ajudando a dar suporte ao enfraquecimento do JPY e a bolsa local.
EUA – O ISM Non Manufacturing divulgado apresentou alta e artingiu um dos
patamares mais altos deste ciclo econômico. Confirmando o bom momento da
economia, o Beige Book mostra evidencias anedóticas de robustez do crescimento
e do emprego na maioria dos distritos pesquisados. A economia americana parece
definitivamente entrado em um ciclo de crescimento mais saudável. Períodos
pontuais de acomodação podem e devem ocorrer, mas tendem a ser cada vez mais
brandos. Amanhã, a divulgação dos dados de emprego de novembro ajudará o
mercado, e o Fed, desenhar os próximos passos no tocante a posição do FOMC na
condução da política monetária local.
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