Daily News – Brasil & China

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom negativo. O destaque da noite ficou para a divulgação dos dados econômicos de julho na China, todos abaixo das expectativas do mercado e mostrando forte desaceleração da atividade econômica:

 

Os números divulgados hoje confirmam o que eu vinha mostrando neste fórum nas últimas semanas através de indicadores de alta frequência. O país, nas últimas semanas, foi assolado por novos surtos pandêmicos, uma enchente e um tufão na província de Henan além do efeito defasada das medidas de aperto monetário, fiscal e creditício adotadas na virada do ano.

 

Agora, podemos esperar novas medida de alívio, como queda de compulsório (RRR), queda de juros e liberação de crédito. A desaceleração da China deve manter o cenário para alguns ativos, como as commodities metálicas, um pouco mais nebuloso no curto-prazo.

 

A desaceleração do maior consumidor mundial das commodities produzidas no Brasil, aliado a um ambiente político interno conturbado, pressupõe um ambiente ainda negativo para os ativos locais nos próximos dias.

 

No Brasil, o final de semana não trouxe nenhuma informação que ajude a dirimir os ruídos de curto-prazo envolvendo o Poder Executivo e o Poder Judiciário. Muito pelo contrário, o Presidente declarou que entrará com pedido de Impeachment de dois membros da Alta Corte no Congresso.

 

Como comentei na sexta-feira (https://mercadosglobais.blogspot.com/2021/08/daily-news-brasil-ruidos-prejudicam-o.html), o embate entre os Poderemos; as ameaças e declarações antidemocráticas; e algumas ações unilaterais do Legislativo, devem deixar o clima ainda bastante tenso e incerto no Brasil nos próximos dias. Isso gera desconforto, volatilidade e, eventualmente, novas rodadas de pressões negativas nos ativos locais.

 

Não é meu papel tomar partido de nenhum dos agentes envolvidos, apenas analisar a forma como o mercado está vendo e reagindo a uma clara e evidente piora institucional no país.

 

O embate entre os poderes, as sinalizações em busca de medidas que podem ferir o Teto dos Gastos, entre outros, trazem incerteza econômica, afugenta investimentos privados, locais e estrangeiros, além de reduzir as expectativas do consumidor e dos empresários, gerando um “vento contrário” ao crescimento.

 

Sem uma visibilidade clara em torno de um endereçamento dessas questões, continuaremos a viver em um ambiente mais negativo, que só será equacionado após uma forte reprecificação e/ou uma acomodação da situação.

 

Acredito que a dinâmica de mercado importa. Assim, uma piora adicional, especialmente se for rápida e acentuada, pode trazer os agentes para a “mesa de negociação” e construir algum alento ao cenário. Contudo, olhando de hoje, esse cenário ainda parece distante.

 

Não é primeira (e nem será a última) vez que vemos um embate entre alguns dos três poderes no país, que geram incerteza e volatilidade. No passado, após alguns dias, semanas ou meses, a situação acabou sendo equacionada, após repreensão da sociedade e forte reação negativa dos mercados.

 

Acredito que o cenário base seja este, mas o curto-prazo será desafiador e volátil. Não podemos minimizar os riscos que se avizinham.

 

*As análises e opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão institucional. 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos