Daily News – Brasil: Posição Técnica B3 e Gestão Ativa.

As bolsas globais, capitaneadas pelos índices americanos, estão testando novamente a parte de cima das “bandas” recentes. Na tarde de ontem, recebemos os resultados das “Big Techs” americanas, com destaque positivo para Amazon, Facebook, Google e Apple. As ações dessas empresas, exceto por Google, apresentaram forte alta no “after-market”.

 

Este poderia ser um bom argumento para que as “novas bandas” recentes sejam rompidas para cima. Vamos observar se isso será verdade nos próximos dias (ou nas próximas horas). Caso isso não ocorra, será um sinal técnico importante de “cansaço” do mercado e de que muito do cenário de recuperação já está precificado.

 

Minha visão, neste momento, é que alguma mudança muito expressiva precisará ocorrer para reverter essa tendência de recuperação dos ativos de risco. Estou, sim, desconfortável com os “valuations” de alguns ativos e com a velocidade e agressividade do movimento de algumas classes. Não descarto realizações de lucros naturais (e, as vezes, até saudáveis).

 

Contudo, “o mercado pode ficar irracional por mais tempo do que ficamos solventes”. Então, continuo gostando de portfólios diversificados entre classes de ativos e regiões do mundo. Gosto de comprar “proteções” (“hedges”/”seguros”) em momentos como esse. Nestas horas, prefiro gestores mais “ativos”, que saberão navegar eventuais alterações de dinâmica de mercado.

 

Não acredito que tentar fazer “timing” de mudança de tendência ou realizações de lucro pontuais será muito produtivo no ambiente atual, mas acredito que buscar proteções, descorrelações e um portfólio balanceado pode ajudar em um ambiente ainda incerto em termos econômicos.

 

Como falei no auge da crise em março, e fica cada vez mais claro, o cenário não será necessariamente negativo, as será um cenário de grande diversificação entre classes de ativos e regiões do mundo, o que pode favorecer uma postura mais “ativa” e diligente nas alocações.

 

No Brasil, em mais uma cortesia do BTG Pactual, vemos abaixo um pouco do quadro técnico da bolsa (B3) no Brasil.

 

A sensação geral é de que, tecnicamente, esquecendo aqui preços, valuations e cenário econômico, ainda há muito espaço para a alocação em renda variável, seja por parte do local ou do estrangeiro:

 

Uma outra conclusão relevante gira em torno da participação cada vez maior do investidor do varejo ou pessoa física, que vem ajudando a sustentar o movimento recente:

 

Na última semana, o fluxo para ativos dedicados emergentes foi um pouco menos positivo:

 

Na China, o PMI de julho surpreendeu as expectativas positivamente, mais uma vez, mostrando uma recuperação saudável – pelo menos em sua superfície – a despeito das diferenças grandes entre os setores da economia:

 

 

Como era amplamente esperado, na Europa, o PIB do segundo trimestre do ano apresentou forte contração. Vale lembrar que este um dado “atrasado” e os números correntes apontam para uma recuperação relativamente agressiva da economia:

 

Voltando o Brasil, os números das contas públicas divulgados nos últimos dias mostram os desafios que a pandemia trouxe ao país. A forte queda de receitas e o aumento significativo de despesas levaram a uma deterioração evidente do quadro fiscal, que precisará ser endereçado nos próximos anos: