Daily News – China: Desaceleração continua e preocupa cada vez mais!


Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom negativo e com movimentos claros de aversão a risco. Destaque absoluto para uma nova rodada de dados fracos de atividade econômica na China.

Não apenas os dados econômicos mostram fraqueza, como os sinais de mercado apontam para enormes desafios econômicos. A queda do Cobre e alta do Ouro são apenas dois exemplos disso:


Fonte: Bloomberg / The Market Ear

Se não bastante a fragilidade do crescimento global e a Guerra Comercial, agora precisamos administrar também problemas geopolíticos no Oriente Médio, com o Irã – aparentemente – tentando desestabilizar a região e afetando o fluxo de petróleo.

Voltando à China, como podemos ver no breve resumo abaixo, os dados de produção industrial, vendas no varejo e “fixed asset investment” ficaram abaixo das expectativas do mercado e mostraram desaceleração adicional:

- #CHINA MAY YTD FAI Y/Y: 5.6% v 6.1%e (7-month low)
- State Owned & State Holdings FAI: 7.2% v 7.8% prior (2-month low)
- Pivate FAI: 5.3 v 5.5% (weakest since Dec. 2016)
- China Industrial Production (Y/Y) May: 5.0% (est 5.4%, prev 5.4%)
- China Industrial Production YTD (Y/Y) May: 6.0% (est 6.1%, prev 6.2%)
- China Retail Sales (Y/Y) May: 8.6% (est 8.1%, prev 7.2%)
- China Retail Sales YTD (Y/Y) May: 8.1% (est 8.0%, prev 8.0%)

Não a toa observamos os policy makers chineses anunciando medidas adicionais de estímulo ao longo das últimas semanas.

Reforço minha visão de que podemos estar em um ponto de inflexão importante da economia chinesa e mundial, em que o estágio avançado do ciclo econômico e a alavancagem excessiva tornem a aceitação de um crescimento mais baixo inadiável.

Entendo que existem instrumentos e disposição para tentar administrar essa desaceleração de maneira gradual e suave, mas tenho cada vez mais receio de que isso não seja suficiente no estágio econômico atual.

Interessante observar como a “velha china” mostra recuperação, muito sustentada e estimulada por incentivos governamentais. Contudo, o setor privado, o consumo e a “nova china" mostram uma tendência clara de desaceleração e fragilidade da economia.



No Brasil a proposta de texto para a Reforma da Previdência, entre economia e receitas, aponta para uma “economia” de cerca de R$920bi em 10 anos. O número ainda pode ser revisado no Plenário da Câmara, mas neste montante é visto como positivo.

Não entrando nos mínimos detalhes, salta aos olhos o aumento de CSLL para bancos, de 15% para 20%, a ausência do sistema de Capitalização – que poderá voltar em uma PEC – e a ausência dos Estados e Municípios – que pode ser incluído nos debates no Plenário.

De maneira geral, se não é a perfeição buscada por Guedes e Cia, seria um avanço enorme em relação ao que temos hoje.

Vale destacar o movimento forte fechamento adicional de taxas de juros ontem (comentei sobre essa possibilidade aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/06/brasil-anatomia-da-curva-de-juros.html). Basicamente, crescem as expectativas de quedas adicionais na Taxa Selic e a manutenção dos juros mais baixos por muito mais tempo no Brasil, por questões locais e internacionais.

Os ativos do Brasil tiveram ontem um dia positivo, ainda digerindo o texto da Previdência. Continuo gostando, nesta ordem, do mercado local de renda variável – porém ativos e gestores específicos, tentando fugir do Ibovespa, das “blue chips” e dos setores dependentes da demanda global – seguido do mercado de crédito HY, juros longos (sabendo que o risco/retorno já piorou bastante) e, por último e sem convicção, do câmbio.

Sigo recomendando proteções nos mercados internacionais e um portfólio defensivo nas classes externas. estou bastante preocupado com o cenário externo e seus impactos em alguns ativos locais.


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