Daily News – Voltando ao passado? 2011-2012?
Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom negativo, dando
seguimento ao movimento verificado na semana passada. Além de notícias
negativas para o setor corporativo dos EUA, já comentado aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/06/daily-news-cenario-externo-noticias.html,
tivemos mais um final de semana de troca de acusações entre os EUA e a China no
tocante a Guerra Comercial.
A Guerra Comercial parece estar em seu ponto mais crítico e,
talvez, em um ponto de inflexão extremamente negativo. O risco de a China
partir para o ataque com uma postura mais agressiva está se concretizando, sem
que haja, até o momento, algum recuo por parte dos EUA. Sigo bastante negativo
com o cenário internacional, não apenas pela Guerra Comercial, mas pelos
inequívocos sinais de desaceleração do ciclo econômico global.
Nesta frente, os PMIs – indicadores de confiança antecedentes
e coincidentes do ciclo econômico – divulgados na Ásia e na Europa essa manhã ou
permaneceram estáveis em patamar extremamente deprimido ou apresentaram quedas
adicionais.
Estes números confirmam um ambiente extremamente delicado da
economia global e sem sinais de estabilização. Destaque o PMI da Inglaterra,
que ainda vinha se sustentando acima do importante patamar de 50 pontos (nível
de corte entre expansão e contração da economia), mas que apresentou queda
acentuada e acima das expectativas este mês.
Na agenda do dia, o destaque ficará por conta do ISM nos EUA
(que é como é chamado o PMI no país).
Não há novidades relevantes em relação ao Brasil.
O cenário atual
me parece muito similar ao que vivemos em 2011-2012, quando a Europa passou por
uma pequena crise, afetando sua economia e os mercados internacionais. À época,
como os fundamentos do Brasil e do mundo emergentes eram, na média, melhores do
que o mundo desenvolvido, conseguimos observar um desempenho relativo e
absoluto melhor das economias e dos ativos financeiros dessa região.
Atualmente, o
mundo emergente é mais disperso em termos de fundamentos e em relação ao estágio
do ciclo econômico. O Brasil de fato se destaca positivamente, mas precisará
aprovar a agenda de reformas para continuar imune ao que acontece no resto do
mundo.
Deixo aqui,
contudo, um pequeno alerta. Naquele momento (em 2011-2012) ainda estávamos em
um estágio inicial do ciclo econômico global, após a grande crise de 2008. OS
bancos centrais das economias desenvolvidas também tinham a sua disposição
instrumentos de política monetária relativamente novos e potentes.
Neste momento,
estamos em um estágio muito mais avançado do ciclo das economias desenvolvidas.
Assim, dependendo do tamanho de uma eventual nova crise, talvez não seja
possível ficar totalmente imune ao que acontece no cenário internacional. O
tamanho, a velocidade da crise e o poder de reação dos bancos centrais será
fundamental nesta equação.
No Brasil,
ainda vejo o mercado de juros como aquele com mais argumentos a seu favor para
manter alocações – a despeito de um valuation
e quadro técnico “esticados” no curto-prazo. Ainda gosto estruturalmente da
renda variável local, mas tenho receio de sua reação caso os mercados
internacionais sigam em queda nos próximos dias.
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