Daily News – Brasil: Repercussão dos vazamentos.


Os ativos de risco seguem em uma toada de maior otimismo, pendurados nas expectativas de que um possível afrouxamento monetário por parte dos principais bancos centrais do mundo será capaz de estimular a economia global e frear o cenário cada vez mais evidente de desaceleração do crescimento e possível recessão.

No Brasil, a mídia e a sociedade seguem digerindo os vazamentos ilegais de conversas entre o Ministro da Justiça, então Juiz, Sergio Moro, com membros do Ministério Público Federal. Não é intenção deste espaço fazer juízo de valor em relação as conversas, mas sim analisar seus impactos políticos e econômicos.

Acredito que para a agenda econômica este evento é um ruído de curto-prazo. Acredito que as “medidas contra corrupção” sofrem uma grande derrota. É possível e provável que uma CPI possa ser aberta para apurar abuso de poder. É provável que Moro e o MPF percam algum apoio popular. Pode ocorrer da agenda econômica sofrer algum atraso marginal.

Contudo, ainda acho que este evento não deveria afetar a disposição do Congresso e do Governo em fazer as reformas econômicas, tão relevantes para o país, a economia e a sociedade. Tenho alguma esperança de que o Congresso saberá diferenciar o que é uma “oportunidade” (em uma possível visão do Congresso) de retirar poder e apoio das mãos de Moro, e o que é uma necessidade urgente de dar andamento na agenda de reformas.

No cenário internacional, a noite foi de forte alta das bolsas da China, o que sustentou o humor global a risco. Não há novidades relevantes no cenário.

Continuo vendo um cenário desafiador no plano internacional. Acredito que estamos na fase do ciclo onde teremos bastante volatilidade, porém sem tendências definidas (cenário de “range” trade) até que tenhamos uma visibilidade melhor do panorama estrutural, seja ele uma recessão global, seja ele um pano de fundo de estabilização com posterior recuperação do crescimento. Por ora, os sinais são de continuidade do processo de desaceleração global.

No Brasil, sigo gostando de um portfólio balanceado, com posições em juros (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/06/brasil-anatomia-da-curva-de-juros.html) e renda variável, além de crédito HY. Não gosto de crédito IG neste momento, e não tenho visão em relação ao câmbio. Teremos bastante volatilidade, ruídos e obstáculos ao longo desta jornada de recuperação do Brasil e de seus ativos.




Fonte: The Market Ear / Bloomberg



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