Daily News – Brasil: Evoluções estruturais e ruídos pontuais.


Início o texto de hoje da mesma forma que comecei meu comentário na quinta:

Os ativos de risco estão apresentando recuperação.

Há uma crescente expectativa de que as reuniões do G20 trarão algum tipo de “cessar fogo” entre EUA e China. Senão com algum acordo, pelo menos com a sinalização de que a implementação de tarifas adicionais será adiada.

Acredito que um “acordo” pode impulsionar os ativos de risco no curto-prazo, mas dificilmente alterará um cenário global de desaceleração que ainda me parece extremamente desafiador. Será a grande diferença entre o curto-prazo um pouco mais construtivo, contra um longo-prazo ainda desafiador e com potenciais negativos. Não alterei essa minha visão.

No Brasil, tivemos alguns destaques no final da tarde de ontem.

Primeiro, o CMN baixou a meta de inflação para 2022. Acho mais um importante passo da economia do país em direção aos países desenvolvidos. Além disso, torna mais "caro" eventuais aventuras de governantes no futuro. Em uma avaliação preliminar, acho que muda pouco (ou praticamente nada) o cenário de política monetária de curto-prazo. Acho que ajuda a ancorar expectativas de inflação de prazos mais longos, favorecendo o "flattening" das partes mais longas da curva local de juros.

Segundo, Guedes sinalizou que o governo pode liberar cerca de R$100bi em compulsório dos bancos. Parte desses recursos já foi liberado. Ainda precisamos entender a possibilidade real deste valor, o timing de implementação, além do real multiplicador monetário e impacto no crescimento: https://www.valor.com.br/financas/6323691/guedes-fala-em-r-100-bi-para-credito.

Terceiro, a despeito de algum potencial atraso na Reforma da Previdência, ainda há uma expectativa elevada de sua aprovação.

Finalmente, em relação ao Relatório de Inflação divulgado ontem pela manhã pelo BCB, olhando às expectativas de 2020, horizonte relevante de tempo para o BCB, parece haver espaço para alguma queda de juros. Contudo, mantenho visão de que, olhando de hoje, este espaço estaria mais para 50 a 100bps de queda, no máximo, do que algo mais agressivo, neste momento.



No cenário internacional, já há sinais de excesso em alguns mercados:




Não há nenhuma melhora no cenário de crescimento, com o acumulo de evidências de desaceleração da economia dos EUA.



Todas a as atenções este final de semana estarão voltadas para a China e os EUA. Na agenda do dia, teremos o Chicago PMI e os dados de Consumo e Renda nos EUA como destaque.


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