Daily News – Brasil: O começo do fim do ciclo de juros?

A semana começa com um movimento de forte alta no preço das Cryptos e queda no preço das commodities. Destaque para o anúncio de um “lockdown” em fase da cidade de Shangai, na China, devido ao avanço da Covid. Destaque também para a forte depreciação do Iene (JPY) no Japão, assim como para a continuidade do movimento de abertura das taxas de juros nos EUA:

 



Conforme os demais exemplos internacionais, as ondas da pandemia costumam gerar um impacto negativo no crescimento de curto-prazo e positivo (altista) na inflação. O impacto no crescimento tende a ser pontual. Na inflação, contudo, temos visto impactos mais estruturais.

 

Importante lembrar, porém, que a China vem de uma base mais fraca de crescimento e tendo que administrar uma economia fragilizada e um mercado imobiliário em crise. Isso pode explicar um pouco a fraqueza das commodities essa manhã.

 

A inversão de taxa da curva de juros nos EUA continua elevado o debate em torno de uma possível recessão no país (e, consequentemente, no mundo) nos próximos meses:

 


No Brasil, o IPCA-15 de abril divulgado na sexta-feira trouxe poucas novidades relevantes em relação a um cenário de inflação ainda pressionada, espalhada e qualitativamente ruim:

 




De qualquer forma, parte destes números mais elevados já eram esperados pelo mercado e pelo BCB. Em documentos e falas oficiais, o Banco tem sinalizado para um cenário base em que a Taxa Selic encerra este ciclo de alta em 12.75%.

 

O BCB não tem fechado a porta para altas adicionais de juros, caso haja uma deterioração adiciona do cenário inflacionário. Contudo, após um ciclo agressivo e rápido de alta de juros, parece prudente, no mínimo, uma “parada técnica” para olhar os efeitos defasados dessa nova política monetária.

 

Em reação a esta sinalização, temos visto um recuo da curva de juros, especialmente na parte intermediária da curva, que está ajudando as ações mais voltadas à economia doméstica, que vinham sendo as mais pressionadas nestes últimos 6 a 9 meses.

 

A curva de juros, historicamente, precisa de uma visibilidade em relação a fim do ciclo de alta e do timing em que este ciclo irá ser finalizado. Uma vez isso ocorrendo, o mercado começa um debate de quando será o começo do ciclo de queda de taxas.

 

Este é o primeiro passo para uma curva de juros mais “calma” e que pode acabar atraindo investidores para posições aplicadas em taxas, dando algum suporte às ações domésticas, cujos valuations estão em níveis historicamente baixos.

 

*As análises e opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão institucional.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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