Daily News – Nova Rotação & Próximos Estágios do Ciclo.

Desde a decisão e nova sinalização do Fed na quarta-feira, os ativos de risco estão passando por uma nova e importante rotação de temas de investimentos.

 

Ficou para traz o tema da “reflação”, em que subiam commodities, “value” e cíclicos vs “growth”, dólar fraco e “steppening” da curva de juros nos EUA, dando lugar, a uma fase de queda das commodities, bom desempenho de “growth” contra “value” e “cíclicos”, dólar forte e “flattening” da curva de  juros nos EUA.

 

Por ora, não vejo uma alteração substancial de cenário, mas uma evolução importante, em que o Fed se mostra não tão confortável assim como o cenário de inflação, o que acabou levando aos movimentos descritos acima.

 

A posição técnica, os preços e valuations ajudam a aguçar parte destes movimentos, já que havíamos convivido com altas quase que exponenciais de algumas dessas classes de ativos nos últimos meses.

 

A recente queda do preço das commodities, deve ajudar a acomodar parte das pressões inflacionárias, o que ainda será ajudado, no Brasil, pela queda recente do dólar. Além disso, devemos conviver com alguma maturação natural do ciclo econômico nos próximos meses, o que pode ajudar a evitar uma retirada antecipada da liquidez global:



Diante deste pano de fundo, continuo vendo um cenário relativamente positivo para a economia global, com riscos inflacionários não desprezíveis, mas ainda contidos. Assim, ainda espero um ambiente relativamente construtivo para os ativos de risco, que deve ser interrompido por espasmos de volatilidade e realizações de lucro pontuais.

 

Não descarto quedas adicionais e acomodações de curto-prazo diante da nova sinalização do Fed, a maturação do ciclo econômico na China, a posição técnica comprometida e valuations mais esticados em alguns mercados no curto-prazo.

 

Os riscos mais claros continuam sendo: Inflação global, retirada antecipada de liquidez dos mercados, maturação do ciclo econômico, novas cepas e novas “ondas” da pandemia.

 

A variante Delta da pandemia no Reino Unido tem sido foco de preocupação. Até onde entendi, em análises preliminares, está variante é mais contagiosa, porém menos grave e letal. O número de casos aumenta em algumas regiões pois pessoas jovens ainda não vacinadas transmitem o vírus por pensarem estar apenas resfriadas. É um ponto a observarmos.

 

No Brasil, um BCB mais duro está ajudando a ancorar a taxa de câmbio, levando o Real (BRL) a testar novamente a faixa de 5,0, mesmo diante de um movimento de dólar forte no mundo ao longo da semana.

 

A MP de privatização da Eletrobrás foi aprovada pelo Senado e volta a Câmara.

 

Ontem, pela primeira vez, o país vacinou mais de 2mm de pessoas. Reforço minha mensagem do começo dessa semana de que mantido este ritmo a pandemia deve apresentar melhora substancial nos próximos 45 a 60 dias e deixará de ser um risco alto para a economia, a despeito de seus impactos sociais imensuráveis.

 

Neste ambiente, os ativos cíclicos locais da bolsa devem continuar a apresentar desempenho relativo melhor do que o setor de commodities no curto-prazo.

 

Em termos de alocação, mantenho nossa visão da carta de maio (https://www.taginvest.com.br/arquivos/carta-mensal_maio-2021.pdf).

 

Espero um ano menos trivial de agora em diante, com mais volatilidade e onde a seleção de ativos e, principalmente, a seleção de gestores, será fundamental para o bom desempenho dos portfólios. No geral, deve ser um mercado com mais movimentos “micros” do que “macros”, pelo menos neste curto-prazo.

 

*As análises e opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão institucional.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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