O que estou vendo?
Gostaria de usar esta véspera de feriado em SP, com os mercados locais fechados, para deixar clara a minha visão de cenário e mercados. Tenho circulado muitas notícias e vocês podem se perder ou ficar confusos com a minha visão. Como a ideia é ser sempre o mais direto e transparente possível, colocando “na reta”, aí vai:
Acredito que vivemos uma dicotomia entre
um curto-prazo ainda desafiador, e um longo-prazo que vejo como construtivo.
No cenário internacional, curto-prazo,
vejo:
1 – Posição técnica pouco saudável,
na média;
2 – Preços e valuations esticados;
3 – Uma pandemia ainda desafiadora na
maior parte do mundo;
4 – “Dinâmica de bolha” em alguns
cantos do mercado.
Em relação ao (3) vale dizer que vemos
sinais mais positivos na Europa e nos EUA nos últimos dias, mas há sinais de
atenção na Ásia.
No longo-prazo, vejo:
1 – As vacinas sendo efetivas em
trazer normalização;
2 – Uma recuperação global saudável;
3 – Liquidez monetária e fiscal ainda
ampla.
Assim, acredito em uma acomodação do
mercado no curto-prazo, mas um ambiente ainda positivo de longo-prazo.
Vejo alguns riscos:
1 – A mutação do vírus e uma pandemia
mais persistente;
2 – “Super aquecimento” da economia
global
3 – Ligado ao (2), inflação e
retirada da liquidez mais cedo do que o imaginado.
Vejo o risco (1) maior no curto-prazo,
mas os riscos (2) e (3) como de maior probabilidade e com maior capacidade de
afetar os mercados no longo-prazo.
No Brasil, obviamente, que estaremos
dentro deste contexto internacional, mas com alguns agravantes:
1 – A pandemia ainda deve piorar no
curto-prazo;
2 – O processo de vacinação é lento
devido a falta de insumos (não devido a estrutura de vacinação em massa);
3 – Pouco espaço fiscal adicional;
4 – Desaceleração do crescimento no
curto-prazo;
5 – Possível aperto das condições financeiras
com um aumento das taxas de juros.
Não é atoa que os ativos locais estão
descolados (negativamente) do resto do mundo neste início de ano.
O Brasil terá que tomar decisões
impopulares no que tange a pandemia e o fiscal. Temos uma chance de recuperar o
tempo perdido se conseguirmos os insumos e acelerarmos a vacinação em massa. Já
fizemos isso em outras campanhas no passado, podemos fazer de novo. Contudo,
precisamos de liderança política para tal.
O curto-prazo, infelizmente, ainda
inspira cuidados no Brasil, mas ainda há tempo de reverter este quadro.
Tenham uma boa semana!
*As análises e
opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão
institucional.
Dan
H. Kawa
CIO
TAG Investimentos
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