Daily News – Brasil: Copom, Juros e Reformas.

Os ativos de risco estão dando sinais adicionais de acomodação essa manhã, mas sem movimentos bruscos no que diz respeito ao mercado como um todo. Ainda vejo sinais preocupantes em alguns ativos de risco, que merecem atenção, mas ainda não se espalharam para o mercado como um todo.

 

Voltamos a observar movimentos entre setores importantes. Desta vez, contudo, com Tech/Growth liderando o movimento positivo nos EUA e Value/Cíclicos, sofrendo com o curto-prazo ainda desafiador da pandemia.

 

Ontem comentei mais a fundo sobre a minha visão dicotômica entre uma possível acomodação/realização de curto-prazo ( 1 a 3 meses), porém com uma visão ainda construtiva para o resto do ano (6 a 12 meses): https://mercadosglobais.blogspot.com/2021/01/daily-news-sinais-de-atencao.html.

 

No Brasil, a Ata da Copom divulgada na manhã de ontem subiu ainda mais o tom em relação ao início de um ciclo de normalização monetária, ou seja, de alta de juros. Além das indicações que já haviam sido dadas no comunicado após a decisão, a Ata mostrou que uma alta de juros já foi discutida por alguns membros na reunião deste mês:



É bastante provável que teremos o início de um ciclo de alta de juros, nas próximas duas reuniões do Copom. Por ora, a expectativa ainda é de um ciclo gradual e curto, mas os dados irão ditar essa dinâmica.

 

O IPCA-15 de janeiro, também divulgado ontem, ficou levemente abaixo das expectativas, mas mostrou avanço não desprezível dos núcleos, da difusão e da inflação de serviços. Isso mostra uma inflação mais espalhada e difundida, o que reforça a postura mais dura do BCB:







No campo político, Bolsonaro reforçou no discurso seu compromisso com a austeridade fiscal, assim como o Ministro Paulo Guedes. Os desafios ainda são grandes, mas a sinalização por parte do governo, na margem, se mostrou um pouco melhor.

 

O dia foi de forte queda do dólar, ajudado pelo movimento global e pelo tom mais duro do BCB. Vimos um forte “flattening” da curva de juros, mas uma Ibovespa ainda fraco, liderado por forte queda das ações de bancos.

 

Nos EUA, vemos sinais de arrefecimento da pandemia. O processo de vacinação ganha escala, com mais de 1mm de pessoas vacinadas por dia. A economia segue em uma escala estável de reabertura, mas com grandes expectativas para os próximos meses:







Este ambiente deve ser um grande pilar de sustentação da economia global no segundo para o terceiro trimestre do ano, mas, em especial, no segundo semestre do ano.

 

Este é um dos motivos que minha maior preocupação é com a possível retirada antecipada de liquidez da economia, ou com a inflação, e não com uma nova pernada de recessão mais enraizada. Vejo ambos os riscos como baixos e de pouca probabilidade, mas o primeiro risco sendo maior que o segundo.

*As análises e opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão institucional.

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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