Daily News – Brasil: Onde estamos?

No Brasil, a quinta-feira foi marcada por forte alta da bolsa e do dólar, e forte abertura de taxa de juros. Vejo este movimento explicado por vetores externos, com a abertura de taxa das Treasuries e o dólar forte no mundo no caso do câmbio e dos juros, e pelos fluxos para setores cíclicos na bolsa, que sustentaram bancos e commodities.

 

Internamente, com a situação fragilizada de nossas contas fiscais, e um quadro técnico comprometido, com gestores vendidos em dólar, aplicados em juros e” under” nos setores de bancos e commodities na bolsa, acabaram exacerbando os movimentos.

 

Em termos de posição, ainda há amplo espaço para aumento de exposição de bolsa Brasil nas carteiras locais e offshore, se olharmos o padrão histórico:




Como tenho insistido neste fórum desde outubro, podemos estar diante de uma nova tese global de investimentos, ou tendência mais ampla de “Reflation”, onde este tipo de rotação de portfólio pode continuar a ocorrer por meses/anos e não apenas dias/semanas:



Venho alertando que na ausência de um ajuste fiscal mais amplo no país, o mercado não daria o benefício da dúvida ao Brasil. No curto-prazo, nossos ativos estão (ou estavam) mascarados pelos fluxos globais positivos.

 

Em 2 dias, com fluxos contrários, vimos ajustes rápidos e acentuados no câmbio e nos juros, mostrando como o país está frágil e vulnerável a pequenas mudanças de humor global.

 

Continuo construtivo com o cenário econômico global para o ano de 2021, mas tenho ficado cada vez mais preocupado com a possibilidade de aumento de inflação no mundo, aumento de taxa de juros nos países desenvolvidos e seus impactos nos ativos de risco, em especial em mercados de crédito, emergentes e no Brasil.

 

Por ora, temos reduzido exposição aos juros e crédito emergentes, high yields e high grade em exposições fora do Brasil em uma tentativa de evitar este tipo de exposição enquanto o risco x retorno me parece pouco atrativo, com aumento dos riscos em detrimento a queda nas perspectivas de retorno (veja aqui a que ponto chegamos):



Reforço que não estou pessimista e não vejo motivos para grandes reduções de risco, estou apenas sugerindo ajustes de posições entre classes de ativos, proteções e algum caixa adicional vindo do mercado de crédito offshore.

 

Segue uma atualização no avanço da vacina, que transcorrer acelerado no Oriente, mas ainda com dificuldades no Ocidente:




A pandemia tem mostrado piora relevante nos últimos dias ao redor do mundo. O mercado continua a ignorar este fato. Ele até pode manter o foco na normalização esperada para este ano com as vacinas, mas este é um risco que precisar ser monitorado no curto-prazo. 


*As análises e opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão institucional.

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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