Daily News – Brasil: Novo Paradigma?

Após uma quarta-feira de recuperação dos ativos de risco, os mercados estão abrindo próximos a estabilidade neste momento. Queria focar o começo deste texto fazendo uma breve análise de uma possível mudança de paradigma que está ocorrendo no Brasil.

Ontem vimos a parte curta da curva de juros futuros precificar uma Taxa Selic próxima a 2,5%. Isso ajudou a dar sustentação ao dólar (Real fraco), mas ajudou a dar sustentação à bolsa:

BRL (Real):


Este tipo de dinâmica costuma ser normal em países e economias mais desenvolvidas, que não apresentam crise cambial, em que a taxa de juros não precisa ser utilizada como instrumento de ajuda no controle ao câmbio.

Nas décadas de 80 e 90 o Brasil passou por uma série de crises econômicas em que a taxa de juros precisava ser usada como instrumento de sustentação do câmbio, visando evitar uma escalada inflacionária.

Agora, com reservas internacionais elevadas e um sistema de metas de inflação, por ora, a depreciação cambial é vista como um movimento normal do ciclo, ajudado por um dólar forte global. A inflação não mostra sinais de pressões oriundas da depreciação cambial, o que dá espaço para que o BCB mantenha os juros ainda mais baixos por mais tempo.

Com os juros nos patamares mais baixos da história, existe uma pressão adicional no câmbio. Sem juros altos, existe uma demanda por investimentos alternativos, em que a bolsa se coloca como uma opção líquida e acessível à muitos investidores, dos pequenos aos grandes.

Este é o cenário corrente. O risco é de que se perca o controle da depreciação cambial, ela leve a pressões inflacionárias, e os juros tenham que ser elevados subitamente. Neste momento, isso é apenas um risco.

No cenário internacional, destaque para a forte queda dos PMI´s na Área do Euro:



O mesmo movimento é visto na Inglaterra:



Tenho insistido que os dados econômicos serão tenebrosos, mas que o mercado é “forward looking” em relação a isso. Precisamos ter um norte em torno da reabertura econômica global, o que temos começado a ver na Europa, EUA e partes do Brasil – isso tem trazido alguma animação, ou esperança, aos investidores.

Em termos de alocação, mantemos nossa alocação estrutural em renda variável no Brasil. Em março, elevamos a alocação em NTN-B´s mais longas. Nos últimos dias, voltamos a adicionar proteções através de derivativos/opções de Ibovespa nas carteiras que permitem tal estratégia.

Voltamos a alocar em crédito privado “high grade” através de novos fundos e novos gestores cujos passivos estão alinhados com seus ativos. Mantemos um caixa em títulos públicos ligados ao CDI/Selic, com alta liquidez, para balancear o portfólio e aproveitar eventuais oportunidades táticas ou estratégicas adicionais.

No mercado internacional, no auge da crise em março, fizemos alocações em renda variável americana e global, além de comprar papéis de crédito “high yields” via fundos/gestores ativos. Seguimos carregando essas posições com visão estrutural.

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