Um novo cenário?


Estou começando a pensar em uma nova tese de cenário. Ela é embrionária ainda, pessoal, e precisa evoluir muito. Nela, a recuperação econômica é em “U” e não em “V” ou em “L”. Há uma chance de ser em “W”. Contudo, acho que o formato (shape) da recuperação importa menos do que a “nova” economia que irá se estabelecer.

Neste cenário, o mundo demora mais para voltar aos picos anteriores, mas uma série de tendências estruturais, talvez “seculares”, que já vinham acontecendo aos poucos, acabam sendo aceleradas e se consolidando.

Não acredito muito em mudanças drásticas de hábitos, mas alguns deles, que já vinham mudando, tendem a se consolidar. Apenas para citar alguns exemplos, o mundo do “streaming”, do “Netflix”, ganha corpo em relação a ida ao cinema. A comida em casa, o “take out”, sai fortalecido. A compra pela internet em detrimento às lojas físicas, e assim sucessivamente.

Agora, outros hábitos devem retornar, uma vez o vírus controlado. Não acho que as pessoas deixarão de ir aos Parques da Disney, nem comprar suas bolsas caríssimas de marcas famosas. Certamente, contudo, são hábitos que irão demorar um pouco a mais para voltar ao que eram antes, pelo empobrecimento da população e pela necessidade de distanciamento social. Turismo e “bens de luxo” são sonhos que nunca deixarão de existir...

No limite, acho que a sociedade irá se acostumar com o vírus. Vamos aprender a conviver com ele. De uma forma ou de outra, teremos que conviver com algum distanciamento social enquanto não houver uma vacina. O mundo já conviveu com diversas mudanças e soube se adaptar a elas.

Uma “segunda onda” de contágio pode ocorrer, mas tende a ser mais branda e a sociedade estar mais preparada e acostumada com ele. Talvez não tenhamos que mudar drasticamente de hábitos como na “primeira onda”, pois os hábitos já terão mudado.

Isso fortalece a visão da recuperação em “U”, em detrimento a recuperação em “W”, a despeito de existir uma possibilidade nesta direção.

Este ambiente é novo, foi e está sendo um choque para a economia global e a para a sociedade como um todo. Todavia, como toda grande transformação econômica e social, ela traz desafios, mas enormes oportunidades de investimentos, na economia real e nos mercados.

Veremos empresas e setores saindo fortalecidos. Veremos novas “ondas” de tecnologias surgindo para facilitar a vida e essa “nova” economia. Infelizmente, alguns setores e várias empresas ficarão pelo caminho. É o “Darwinismo” em seu estado mais puro...

Este ambiente cria enormes oportunidades de investimentos de longo-prazo. Neste momento, parece que estamos no meio deste “choque de realidade”. Ele é duro, custoso e desconfortável, mas deve abrir um abismo de oportunidades para a sociedade e os nossos investimentos.

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