Daily News – Cenário Econômico Desafiador
Os ativos de risco estão seguindo uma toada
positiva que vem sendo regra ao longo de todo este mês. Além de tudo o que eu já
vinha comentando aqui anteriormente, como: Posição técnica saudável, liquidez
abundante, medidas agressivas dos bancos centrais e dos governos, podemos
adicionar que estamos em período de final de mês, o que sempre ajuda e pode
acentuar tendências de curto-prazo.
Além disso, nas últimas 48 horas, vimos bonds
resultados corporativos de empresas de Tecnologia nos EUA, o que em muito ajuda
a dar sustentação aos índices do país, hoje muito concentrados neste setor.
Abaixo, vemos este efeito entre a “velha” e a “nova” economia no gráfico do
setor automotivo:
Em termos econômicos, pouca coisa mudou. Estamos
recebendo os terríveis e tenebrosos dados econômicos de março e do primeiro
trimestre do ano, todos apontando na direção de uma forte contração econômica,
como era amplamente esperado.
Ontem o PIB dos EUA caiu 4,8% no trimestre anualizado:
Hoje o PIB da Área do Euro apresentou queda de 3,8%
no trimestre:
A taxa de desemprego da Alemanha explodiu para
cima:
Se, por um lado, esses números eram esperados, por
outro lado começo a temer que a crise seja mais profunda e prolongada do que o
esperado anteriormente. Talvez isso não esteja, neste momento, sendo corretamente
acessado pelo mercado (comentei mais sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2020/04/daily-news-panorama-global.html).
O PMI da China de abril mostra algum desconforto
neste sentido. A despeito de uma recuperação aparentemente “plena” do setor industrial,
fica clara a ausência de demanda e a pressão no setor de serviços, hoje um
componente essencial de qualquer economia, especialmente dos países ocidentais:
No Brasil, a pandemia parece migrar para o seu
auge, e toda a discussão sobre clima, vacina da BCG e afins é deixada de lado.
A situação em vários Estados – especialmente RJ, SP e Manaus – é catastrófica
para a saúde pública.
Ainda estamos no meio de uma enorme incerteza sobre
o tamanho e a duração desta crise.
Com a alta recente da bolsa dos EUA, quase que integralmente
impulsionada pelo setor de Tecnologia, vemos que o “yield” da bolsa voltou aos
picos “pré crise”:
Mantenho minha visão e posição dos
últimos dias. Manter alocações balanceadas, caixa um pouco acima da média
em títulos públicos. Manter alocações estruturais, do tamanho que seu perfil
permita, em ações, crédito privado e NTN-Bs. Buscar proteções de maneira mais
ativa via derivativos/opções de Ibovespa ou bolsa EUA.
Reforço de que acho que "the pain trade is higher", mas começo a achar que o mercado exagerou no
curto-prazo, especialmente na bolsa americana. Ainda acredito em
"ranges", mas acho prudente pensar em proteções. Volatilidade
implícita já caiu bastante, tornando algumas estruturas com risco/retorno
atrativo.
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