Daily News – Brasil: Novos Ruídos


Ao longo de toda a semana, os ativos de risco têm mantido o cenário o qual descrevi no começo do mês, ou seja, de volatilidade ainda elevada, porém sem tendência definida. Usando as mesmas palavras que já utilizei há alguns dias, afirmei que:

Ao que me parece, encontramos uma nova banda de flutuação, em que a volatilidade está mais baixa, porém sem grandes tendências.

No caso do Ibovespa, parece ser em torno de 75 mil a 80 mil pontos. No caso do S&P na faixa de 2.700 com 2.850 pontos. Vejo um curto-prazo (1 a 3 meses) de volatilidade ainda alta, mas sem grandes tendências para depois (3 a 6 meses) buscarmos um dos seguintes cenários: 

(1) O Coronavírus se mostra controlado e a economia global volta a sua trajetória de recuperação. Isso levaria à uma tendência mais positiva e estrutural dos ativos de risco.

(2) A reabertura da economia se mostra mais difícil. Novas ondas de contaminação aparecem e a retomada do crescimento se mostra de difícil execução. Neste caso, retornamos a um ambiente de pressão negativa nos ativos de risco.

Nos últimos dias me tornei um pouco mais cauteloso com o curto-prazo devido há alguns sinais um pouco mais desafiadores. Primeiro, há sinais de uma segunda onda de contágio do Coronavírus em alguns países da Ásia (Cingapura e Japão, por exemplo).

Segundo o preço e valuation de alguns ativos já se ajustou bastante dos pisos recentes, como é o caso da bolsa dos EUA. Terceiro, mesmo sendo esperado dados econômicos extremamente negativos, estamos vendo números ainda piores do que o esperado (vide o IFO na Alemanha abaixo):



Por fim, o petróleo parece estar se estabilizando, mas a situação no setor está longe de ser resolvida.

Do lado positivo, ainda existe um enorme suporte dos bancos centrais e dos pacotes fiscais, uma posição técnica mais saudável e alguns preços ainda convidativos em alguns nichos de mercado (vide as medidas dos bancos centrais, abaixo):


No Brasil, além dos enormes desafios externos, vemos uma deterioração no cenário político local, com os rumores de uma possível saída de Sergio Moro do governo.

Moro, juntamente com Paulo Guedes, são considerados pelo mercado (vale reforçar aqui que está é uma leitura da visão do mercado e não uma opinião pessoal) como os bastiões da racionalidade dentro de um Governo, que desde seu início trouxe bastante embate político e ruídos de comunicação.

Sua eventual saída pode ser vista como um passo adicional para um governo ainda mais “combativo” e político, menos técnico e racional (de novo, está seria uma leitura do mercado e não uma opinião pessoal).

Sua saída poderia causar a impressão de que o próximo da fila seria Paulo Guedes, o bastião da economia.

No geral, além da incerteza do Coronavírus e do Petróleo, ainda precisamos lidar com ruídos políticos internos. Temos visto impacto extremamente negativo na taxa de câmbio e nos juros longos, com uma inclinação ainda mais positiva da curva de juros locais. A bolsa tem se mantido dentro de sua banda, devido a seu valuation atrativo, mas não aguentaria uma deterioração política adicional neste momento.

Levando tudo em consideração, ainda mantenho minha visão de “ranges” para os mercados, mas com um viés mais negativo de curto-prazo (1 a 4 semanas).

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